ÊXODO 4:21 - Se foi Deus que endureceu o coração de Faraó, por que este foi então considerado responsável?
PROBLEMA: A Bíblia cita Deus dizendo: "eu lhe endurecerei o coração [o coração de Faraó], para que não deixe ir o povo". Se Deus endureceu o coração de Faraó, então este não pode ser responsabilizado por seus atos, já que não os praticou segundo a sua própria vontade, mas por ter sido forçado a isso (cf. 2 Co 9:7; 1 Pe 5:2).
SOLUÇÃO: Deus não endureceu o coração de Faraó contrariamente ao que o próprio Faraó por sua livre vontade determinou. A Escritura deixa claro que Faraó endureceu o seu coração. Ela declara que "o coração de Faraó se endureceu" (Êx 7:13), que Faraó "continuou de coração endurecido" (Êx 8:15) e que "o coração de Faraó se endureceu"(Êx 8:19). Novamente, quando Deus enviou a praga das moscas, "ainda esta vez endureceu Faraó o coração" (Êx 8:32). Esta frase, ou uma equivalente, é repetida vez após vez (cf. Êx 9:7, 34-35). De fato, exceto quando Deus o que aconteceria (Êx 4:21), Faraó foi quem endureceu o seu próprio coração em primeiro lugar (Êx 7:13; 8:15 ; 8:32 etc), e só mais tarde Deus o endureceu (cf. Êx 9:12; 10:1, 20, 27).
Além disso, o sentido em que Deus endureceu o coração de Faraó é semelhante ao modo pelo qual o sol endurece o barro ou derrete a cera. Se Faraó tivesse sido receptivo às advertências de Deus, o seu coração não teria sido endurecido por Deus. Mas quando Deus dava alívio de cada praga, Faraó tomava vantagem da situação. "Vendo, porém, Faraó que havia alívio, continuou de coração endurecido, e não os [a Moisés e Arão] ouviu, como o Senhor tinha dito" (Êx 8:15).
A questão pode ser resumida como se segue: Deus endurece o coração?
Deus não endurece o coração | Deus endurece o coração |
Inicialmente | Subseqüentemente |
Diretamente | Indiretamente |
Contra o livre arbítrio da pessoa | Por meio do próprio livre arbítrio |
Como sua causa | Como seu efeito |
(Veja também a abordagem feita em Romanos 9:17.)
ÊXODO 4:24 - Com quem Deus se encontrou na estalagem, e por que quis matar essa pessoa?
PROBLEMA: Êxodo 4:24 afirma: "Estando Moisés no caminho, numa estalagem, encontrou-o o Senhor, e o quis matar". Este versículo deixa claro que Moisés é quem estava ali, naquela estalagem. Mas por que Deus quis matá-lo, já que ele o havia chamado para liderar a saída do povo do Egito?
SOLUÇÃO: Primeiro, é claro que Moisés tinha sido escolhido pelo Senhor a fim de ser o instrumento para libertar o povo de Israel da escravidão egípcia e do poder de Faraó. Mas, por fazer parte do povo da aliança de Deus, Moisés era obrigado a circuncidar seus filhos no oitavo dia. Por uma razão ou outra, Moisés não tinha realizado o rito da circuncisão no seu filho, que também fazia parte do povo da aliança do Senhor. Não era possível Deus permitir que o libertador por ele escolhido a fim de representá-lo para o povo de Israel não cumprisse os termos da aliança. Aparentemente, Deus tomou essa drástica medida para fazer com que Moisés lhe obedecesse, sabendo que Moisés por si não se dispunha a ir contra os desejos de sua mulher Zípora. Ela fez então a circuncisão, talvez porque Moisés estivesse impossibilitado, devido a uma enfermidade que o Senhor tinha trazido sobre ele. Assim que a circuncisão foi feita, o Senhor não mais procurou matar Moisés.
Segundo, é óbvio que o Senhor poderia ter matado Moisés de repente, se esse fosse o seu intento nesse caso. Deus certamente possuía o poder para fazer isso de imediato. O que aconteceu indica claramente que o propósito de Deus era fazer com que Moisés cumprisse os seus deveres. Deus obviamente não queria matá-lo. O que pretendia era que Moisés obedecesse a sua lei e tivesse total compromisso com ela, já que ele era aquele que estava para se tornar o grande instrumento de Deus, por meio de quem o Senhor iria dar a sua lei.
ÊXODO 5:2 - Quem foi o Faraó de Êxodo?
PROBLEMA: A posição predominante dos eruditos nos dias de hoje é que o Faraó de Êxodo era Ramsés II. Se assim for, isso significa que o êxodo ocorreu aproximadamente entre 1270 e 1260 a.C. Entretanto, de várias referências da Bíblia (Jz 11:26; 1 Rs 6:1; At 13:19-20), a data do êxodo é inferida como sendo 1447 a.C. Assim, de acordo com o sistema de datas normalmente aceito, o Faraó de Êxodo seria Amenotep II. Quem foi de fato o Faraó mencionado no livro de Êxodo, e quando foi que o êxodo ocorreu?
SOLUÇÃO: Conquanto muitos eruditos da atualidade tenham proposto uma data posterior para o evento do êxodo, de 1270 a 1260 a.C, há evidências suficientes para se dizer que não é necessário aceitar essa data, Uma explicação alternativa nos fornece um melhor relato de todos os dados históricos, e coloca o êxodo por volta de 1447 a.C.
Primeiro, as datas bíblicas para o êxodo o colocam nos anos em torno de 1400 a.C, já que 1 Reis 6:1 declara que ele ocorreu 480 anos antes do quarto ano do reinado de Salomão (o que foi por volta de 967 a.C). Isso colocaria o êxodo por volta de 1447 a.C, de acordo com Juízes 11:26, que afirma que Israel passou 300 anos na terra, até o tempo de Jefté (o que foi cerca de 1000 a.C).
De igual modo, Atos 13:20 diz ter havido 450 anos de juízes, de Moisés a Samuel, sendo que este último viveu por volta de 1000 a.C. O mesmo ocorre com respeito aos 430 anos mencionados em Gálatas 3:17 (veja os comentários deste versículo), abrangendo o período de 1800 a 1450 a.C. (de Jacó a Moisés). O mesmo número é usado em Êxodo 12:40. Todas essas passagens indicam uma data em torno de 1400 a.C, não em torno de 1200 a.C, como os críticos afirmam.
Segundo, John Bimson e David Livingston propuseram uma revisão da data tradicionalmente atribuída ao fim da Idade do Bronze Média e início da Idade do Bronze Avançada, de 1550 para um pouco antes de 1400 a.C. A Idade do Bronze Média caracterizava-se por cidades grandemente fortificadas, cuja descrição se enquadra muito bem com o relato que os espias trouxeram a Moisés (Dt 1:28). Isso significa que a conquista de Canaã se deu por volta de 1400 a.C. Como as Escrituras afirmam que Israel vagueou pelo deserto por cerca de 40 anos, isso dataria o êxodo por volta de 1440 a.C, totalmente de acordo com a cronologia bíblica. Se aceitarmos os registros tradicionais dos reinos dos Faraós, isso significaria que o Faraó do livro de Êxodo foi Amenotep II, que reinou de cerca de 1450 a 1425 a.C.
Terceiro, outra possível solução, conhecida como a revisão de Velikovsky-Courville, propõe uma revisão na cronologia tradicional dos reinados dos Faraós. Velikovsky e Courville afirmam que há 600 anos a mais na cronologia dos reis do Egito. Evidências arqueológicas podem ser juntadas para substanciar esta proposta que de novo data o êxodo em 1440 a.C. De acordo com este ponto de vista, o Faraó nesse tempo era o rei Tom. Isto se harmoniza com a afirmação de Êxodo 1:11, de que os israelitas foram escravizados para construírem a cidade chamada Pitom (residência de Tom). Quando a cronologia bíblica é tomada como padrão, todas as evidências arqueológicas e históricas se encaixam direitinho. (Veja Geisler e Brooks, When Skeptics Ask [Quando os Cépticos Questionam], Victor Books, 1990, cap. 9.)
ÊXODO 6:3 - Deus já era conhecido pelo nome "Senhor" (Jeová ou Yahveh), mesmo antes do tempo de Moisés?
PROBLEMA: Disse Deus a Moisés: "Apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, O Senhor, não lhes fui conhecido" (Êx 6:3). Entretanto, a palavra "Senhor" [Jeová, Yahveh] aparece em Gênesis diversas vezes, tanto em combinação com o termo "Deus": como "Senhor Deus" (Gn 2:4, 5, 7, 8, 9,15 etc.) e, isoladamente, como "Senhor" (Gn 4:1, 3,4, 6,9 etc).
SOLUÇÃO: Esta dificuldade pode ser explicada de várias maneiras. Alguns crêem que esta palavra - "Senhor" - foi introduzida em Gênesis na forma de uma antecipação. Outros sustentam que o pleno significado do nome não era conhecido previamente, muito embora já estivesse em uso. Ou, talvez, algum traço da personalidade do Deus que é fiel à sua aliança, indicado pelo nome "Senhor" [Jeová, Yahveh], ainda não tivesse sido revelado, até o tempo de Moisés. Outros ainda pensam que Moisés (ou um editor posterior) colocou este nome no texto de Gênesis retrospectivamente, depois de ele ter sido escrito. Seria como um biógrafo daquele famoso pugilista referindo-se à infância de Muhammad Ali, embora o seu nome na realidade fosse Cassius Clay naquela época. Corroborando com isso, há o fato de que o sufixo "-ah"(que aparece em "Jeovah"), que se apõe a nomes, geralmente não aparece em nomes anteriores ao tempo de Moisés.
ÊXODO 6:9 - Os filhos de Israel ouviram Moisés ou desprezaram suas palavras?
PROBLEMA: O texto afirma que "eles não atenderam a Moisés". Contudo, anteriormente (em Êx 4:31) é dito que "o povo creu" [em Moisés], e até mesmo "inclinaram-se" e "adoraram" a Deus.
SOLUÇÃO: No início, eles aparentemente receberam Moisés de boa vontade, mas como não foram libertados de mediato, desanimaram, impacientaram-se e não queriam mais ouvi-lo.
ÊXODO 6:10-13 - Moisés foi chamado por Deus no Egito ou em Midiã?
PROBLEMA: Em Êxodo 3:10, Deus revelou-se a Moisés e o comissionou a liderar a saída de Israel do Egito (cf. 4:19). Entretanto, Êxodo 6:10-11 declara que Moisés estava no deserto de Midiã quando Deus lhe disse para ir até o Faraó e pedir a libertação de Israel.
SOLUÇÃO: Moisés recebeu a sua comissão em Êxodo 3-4, mas por causa da rejeição de Faraó (no capítulo 5), acrescida ao fato da relutância inicial de Moisés diante de Deus (cf. 4:1,10), foi necessário que Deus o encorajasse e reconfirmasse o seu chamado, em Êxodo 6.
ÊXODO 6:26-27 - É verdade que alguém mais, além de Moisés, escreveu estes versículos?
PROBLEMA: As referências a Moisés e Arão nos versículos 26 e 27 estão escritas na terceira pessoa: "São estes Arão e Moisés" e "São estes os que falaram..." Se Moisés foi o autor desta passagem, por que ele não falou de si mesmo usando a primeira pessoa?
SOLUÇÃO: Esta passagem, que começa no versículo 14 do capítulo 6, é um relato objetivo e histórico das genealogias dos ancestrais de Moisés e Arão. Nesse tipo de redação, o costume é o autor, quando faz referência a si mesmo, usar a terceira pessoa. Muitos escritos antigos seguem essa maneira de relatar fatos históricos, tais como Gallic Wars (Guerras Gaulesas) e Civil Wars (Guerras Civis), de Júlio César. Com efeito, ficaria algo estranho se, no meio deste registro histórico, Moisés tivesse escrito: "Foi a Arão e a mim que o Senhor disse..."; ou: "Arão e eu fomos falar com Faraó..." Para as futuras gerações dos leitores hebreus, Moisés queria que o seu registro genealógico ficasse bem claro, de forma que ninguém se equivocasse quanto à identidade e origem daquele que Deus escolhera para libertar Israel da escravidão do Egito.
ÊXODO 7:11 - Como é que os sábios e encantadores de Faraó puderam realizar os mesmos atos de poder que Deus ordenara a Moisés para fazer?
PROBLEMA: Várias passagens em Êxodo (7:11,22; 8:7) declaram que os sábios, encantadores e magos de Faraó, com os seus encantamentos, reproduziram os mesmos feitos que Deus ordenara a Moisés e Arão para realizar. Entretanto, Moisés e Arão afirmaram que tinham sido
enviados pelo Senhor Deus. Como puderam então aqueles homens realizar os mesmos atos de poder que Moisés e Arão fizeram pelo poder de Deus?
SOLUÇÃO: A Bíblia indica que uma das táticas de Satanás no seu esforço de enganar a humanidade é empregar falsos milagres (veja Ap 16:14). Êxodo 7:11 afirma: "Faraó, porém, mandou vir os sábios e encantadores; e eles, os sábios do Egito, fizeram também o mesmo com as suas ciências ocultas". Cada um dos versículos semelhantes afirma isso com palavras equivalentes. A passagem declara que os feitos dos magos de Faraó eram realizados "com as suas ciências ocultas", com seus encantamentos.
Alguns comentaristas dizem que o que os magos fizeram eram apenas fraudes. Talvez os magos tivessem encantado cobras, tornando-as enrijecidas, deixando-as com a aparência de varas. Quando lançadas ao chão, elas teriam saído do seu transe, movendo-se como serpentes. Alguns dizem que aqueles foram atos de Satanás, que realmente fez com que as varas dos magos se tornassem cobras. Isso, entretanto, não é plausível, em vista do fato de que apenas Deus pode criar vida, como até mesmo os magos posteriormente reconheceram (Êx 8:18-19).
Qualquer que seja a explicação que se possa dar àqueles feitos, um ponto em comum prevalece em cada relato e é encontrado no próprio texto. Está claro que, seja por que poder aqueles atos foram realizados, não foi pelo poder de Deus. Eles foram realizados por meio de "suas ciências ocultas". O propósito de tais atos era convencer Faraó de que os seus magos possuíam tanto poder quanto Moisés e Arão, e que não era necessário que Faraó se rendesse ao seu pedido para deixar ir o povo de Israel. Isso funcionou pelo menos nos três primeiros encontros (a vara de Arão, a praga do sangue e a praga das rãs). Entretanto, quando Moisés e Arão, pelo poder de Deus, fizeram aparecer piolhos do pó da terra, os magos não conseguiram realizar esse milagre. Puderam apenas dizer: "Isto é o dedo de Deus" (Êx 8:19).
Há vários pontos pelos quais se pode discernir a diferença entre um sinal satânico e um milagre de Deus:
MILAGRE DE DEUS | SINAL SATÂNICO |
Sobrenatural | Fora do normal |
Ligado à verdade | Ligado ao erro |
Associado com o bem | Associado com o mal |
Nunca relacionado com o ocultismo | Normalmente associado com o ocultismo |
Sempre bem-sucedido | Às vezes falha |
Estas diferenças podem ser vistas nas passagens de Êxodo mencionadas . Embora os magos aparentemente puderam transformar suas varas em serpentes, suas varas foram devoradas pela de Arão, indicando superioridade por parte deste. Embora os magos tenham podido transformar água em sangue, eles não conseguiram reverter o processo. Embora eles tenham podido fazer aparecer rãs, não puderam livrar-se delas. Os seus atos foram atos fora do normal, mas não sobrenaturais.
Conquanto os magos não tenham podido copiar alguns dos milagres de Moisés e Arão, seu propósito estava ligado ao engano. Basicamente eles copiaram os milagres feitos pelos homens escolhidos por Deus com o objetivo de convencer Faraó de que o Deus dos hebreus não era mais poderoso do que os deuses do Egito. Embora os magos de Faraó tenham sido capazes de copiar os três primeiros milagres realizados por Deus, através de Moisés e Arão, chegou um momento em que os seus encantamentos não mais foram capazes de imitar o poder de Deus.
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