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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Livro dos Mártires - Parte 29


CAPÍTULO 13 - História da vida de João Calvino


Este reformador nasceu em Noyon, na Picardia, o 10 de julho de 1509. Foi instruído em gramática, aprendendo em Paris com Maturino Corderius, e estudou filosofia no College de Montaign com um professor espanhol.
Seu pai, que descobriu muitos sinais de sua precoce piedade, particularmente nas repreensões que fazia dos vícios de seus companheiros, o designou primeiro para a Igreja, e o apresentou o 21 de maio de 1521 à capela de Notre Dame de Gesine, na Igreja de Noyon. Em 1527 lhe foi assinado o reitorado de Marseville, que trocou em 1529 pelo de Pont l'Eveque, perto de Noyon. Seu pai mudou depois de pensamento, e quis que estudasse leis, ao qual Calvino consentiu bem disposto, porquanto, por sua leitura das Escrituras, tinha adquirido uma repugnância pelas superstições do papado, e se demitiu da capela de Gesine e do reitorado de Pont l'Eveque em 1534. fez grandes progressos nesta rama do conhecimento, e melhorou não menos em seu conhecimento da teologia com seus estudos privados. Em Bourges se aplicou ao estudo do grego, sob a direção do professor Wolmar.
Reclamado de volta para Noyon pela morte de seu pai, permaneceu ali por um breve tempo, e depois passou a Paris, onde ainda tendo causado grande desagrado na Sorbona e no Parlamento um discurso de Nicolas Cop, reitor da Universidade de Paris, para o qual Calvino preparou os materiais, se suscitou uma perseguição contra os protestantes e Calvino, que apenas pôde escapar de ser arrestado no College de Forteret, se viu obrigado a fugir a Xaintogne, depois de ter tido a honra de ser apresentado à rainha de Navarra, quem suscitara esta primeira tormenta contra os protestantes.
Calvino voltou a Paris em 1534. Neste ano os reformados sofreram maus-tratos, o que o decidiu a abandonar França, depois de publicar um tratado contra os que acreditavam que as almas dos defuntos estão num estado de sonho. Se retirou à Basiléia, onde estudou hebraico; neste tempo publicou sua Instituição da Religião Cristã, obra que serviu para espalhar sua fama, embora ele mesmo desejasse viver na escuridão. Está dedicada ao rei da França, Francisco I. A continuação, Calvino escreveu uma apologia pelos protestantes que estavam sendo queimados por sua religião na França. Depois da publicação desta obra, Calvino foi à Itália a visitar a duquesa de Ferrara, uma dama de grande piedade, pela que foi muito gentilmente recebido.
Da Itália se dirigiu à França, e tendo arranjado seus assuntos privados, se propus dirigir-se a Estrasburgo ou à Basiléia, acompanhado por seu único irmão sobrevivente, Antônio Calvino; porém como os caminhos não eram seguros devido à guerra, exceto através dos territórios do duque de Sabóia, escolheu aquela estrada. "Este foi um direcionamento particular da providência", diz Bayle: "Era seu destino que se instalasse em Genebra, e quando se mostrou disposto a ir além, viu-se detido como por uma ordem do céu, por assim dizê-lo".
Em Genebra, Calvino se viu por isso obrigado a aceder à eleição que o consistório e os magistrados fizeram recair sobre sua pessoa, com o consentimento do povo, para que fosse um dos ministros e professor de teologia. Queria somente assumir este último ofício, e não o primeiro, mas no final se viu forçado a tomar ambos, em agosto de 1536. No ano seguinte, fez declaram a todo o povo, sob juramento, o assentimento deles a uma confissão de fé que continha uma renuncia ao papismo. Depois indicou que não poderia submeter-se a uma normativa que tinham estabelecido recentemente no cantão de Berna; portanto, os síndicos da Genebra convocaram uma assembléia do povo, e se ordenou que Calvino, Farel e outro ministro abandoassem a cidade em poucos dias, por recusar administrar os sacramentos.
Calvino se retirou a Estrasburgo, e estabeleceu ali uma igreja francesa, da qual foi seu primeiro ministro; também foi designado para ser professor de teologia. Enquanto isso, o povo da Genebra lhe rogou tão intensamente que voltasse com eles, que consentiu, e chegou o 13 de setembro de 1541, com grande satisfação tanto do povo como dos magistrados. O primeiro que fez, após sua chegada, foi estabelecer uma forma de disciplina eclesiástica e uma jurisdição administrativa com o poder de infligir censuras e castigos canônicos, até incluir a excomunhão.
Tem sido o regozijo tanto dos incrédulos como de alguns professos cristãos, quando querem lançar lodo sobre as opiniões de Calvino, referir-se a seu papel na morte de Miguel Servet. Esta tem sido a atitude que sempre adotam os que foram incapazes de refutar suas opiniões, como se fosse um argumento concluinte contra todo seu sistema. "Calvino queimou a Servet! Calvino queimou a Servet!", é uma boa prova, para certa classe de arrazoadores, de que a doutrina da Trindade não é verdadeira, que a soberania divina é anti-escriturária, e que o cristianismo é uma falsidade.
Não temos desejo algum de paliar nenhuma ação de Calvino que seja manifestamente errônea. Cremos que não se podem defender todas suas ações em relação com o desgraçado assunto de Servet. Porém deveríamos compreender que os verdadeiros princípios da tolerância religiosa eram muito pouco compreendidos em tempos de Calvino. Todos os outros reformadores que então viviam aprovaram a conduta de Calvino. Inclusive o gentil e amigável Melanchton se expressou em relação a este tema da forma seguinte: diz ele, numa carta dirigida a Bullinger: "Tenho lido tua declaração acerca da blasfêmia de Servet, e elogio tua piedade e Jz; e estou convencido de que o Conselho de Genebra tem agido retamente ao dar morte a este homem obstinado, que nunca teria parado em suas blasfêmias. Estou atônito de que se encontre ninguém que desaprove tal ação". Farel diz de maneira expressa que "Servet merecia a pena capital". Bucero não duvida em declarar que "Servet merecia algo pior que a morte".
A verdade é que embora Calvino teve certa parte no arresto e encarceramento de Servet, não desejava em absoluto que fosse queimado. "Quero", disse ele, "que se diminua a severidade do castigo". "Tentamos mitigar a severidade do castigo, porém em vão". "Ao querer mitigar a severidade do castigo", diz Farel a Calvino, "fazer o ofício de amigo para com teu mais acérrimo inimigo". Diz Turritine: "Os historiadores não afirmam em lugar algum, nem se desprende de nenhuma consideração, o fato de que Calvino instigasse os magistrados a queimarem Servet. Não, senão que o certo é também que ele, junto com o colégio de pastores, atacou esta classe de castigo".
Freqüentemente se disse que Calvino tinha tal influência sobre os magistrados de Genebra que teria podido lograr a liberação de Servet, se não tivesse desejado sua destruição. Porém isto é falso. Bem longe disso, Calvino mesmo foi uma vez desterrado da Genebra por estes mesmos magistrados, e amiúde se opus em vão a suas arbitrárias medidas. Tão pouco desejoso estava Calvino e querer a morte de Servet que o advertiu do perigo, e o deixou estar várias semanas em Genebra, antes de ser arrestado. Mas sua linguagem, que era então considerada blasfema, foi a causa de seu encarceramento. Enquanto estava no cárcere, Calvino o visitou e empregou todos os argumentos possíveis para que se desdissesse de suas horríveis blasfêmias, sem referência alguma a suas peculiares crenças. Esta foi toda a participação de Calvino neste infeliz acontecimento.
Contudo, não se pode negar que neste caso Calvino agiu de forma contrária ao espírito benigno do Evangelho. É melhor derramar uma lágrima pela inconsistência da natureza humana, e lamentar estas fraquezas que não se podem justificar. Ele declarou que tinha atuado em consciência, e em público justificou a ação.
A opinião era que os princípios religiosos errôneos são puníveis pelo magistrado civil, e isto causou tantos males, fora da Genebra, na Transilvânia ou na Grã Bretanha; e isto deve imputar-se, e não ao Trinitarianismo, ou ao Unitarismo.
Depois da morte de Lutero, Calvino exerceu uma grande influência sobre os homens daquele notável período. Irradiou grande influência sobre a França, a Itália, a Alemanha, Holanda, Inglaterra e Escócia. Foram organizadas dois mil cinqüenta congregações reformadas que recebiam suas predicações de parte dele.
Calvino, triunfante sobre seus inimigos, sentiu que a morte se aproximava. Porém seguir esforçando-se de todas as formas possíveis com energia juvenil. Quando se viu a ponto de ir ao repouso, redigiu seu testamento, dizendo:" Dou testemunho de que vivo e me proponho morrer nesta fé que Deus me deu por meio de Seu Evangelho, e que não dependo de nada mais para a salvação que a livre eleição que Ele tem feito de mim. de todo coração abraço Sua misericórdia, por meio da qual todos meus pecados foram encobertos, por causa de Cristo, e por causa de Sua morte e padecimentos. Segundo a medida da graça que me foi dada, tenho ensinado esta Palavra pura e simples mediante sermões, ações e exposições desta Escritura. em todas minhas batalhas com os inimigos da verdade não utilizei sofismas, senão que lutei o bom combate de maneira frontal e direta".
O 27 de maio de 1564 foi o dia de sua liberação e de sua bendita viagem ao lar. Tinha então cinqüenta e cinco anos.
Que um homem que tinha adquirido tal reputação e autoridade tivesse somente um salário de cem coras e que recusasse aceitar mais, e que depois de viver cinqüenta e cinco anos com a maior frugalidade deixasse somente trezentas coroas a seus herdeiros, incluindo o valor de sua biblioteca, que se vendeu a grande preço, é algo tão heróico que alguém deve ter perdido todos os sentimentos para não sentir admiração. Quando Calvino abandonou Estrasburgo para voltar a Genebra, eles quiseram dá-lhe privilégios de cidadão livre de sua cidade e o salário de um prebendado [1], que tinha-lhe sido assinado; ele aceitou o primeiro, porém recusou rotundamente o segundo. Levou a um de seus irmãos a Genebra consigo, mas jamais se esforçou para que se desse a ele qualquer posto honorifico, como qualquer que possuísse sua posição teria feito. Desde logo, cuidou da honra da família de seu irmão, conseguindo a liberdade de uma mulher adúltera, e conseguindo licencia para que pudesse voltar a casar-se; mas inclusive seus inimigos contam que lhe fez aprender o ofício de encadernador de livros, no qual seu irmão trabalhou toda sua vida.

Calvino como amigo da liberdade civil
O reverendo doutor Wisner disse, em seu recente discurso em Plymuth, no aniversário da chegada dos Padres Peregrinos: "Por muito que o nome de Calvino tenha sido escarnecido e carregado de vitupério por muitos dos filhos da liberdade, não há proposição histórica mais susceptível e uma demonstração plena que esta: que não viveu ninguém a quem o mundo deva mais pela liberdade de que goza, que João Calvino".


[1] Benefício eclesiástico superior das igrejas, catedrais e colegiatas (N. da T., Enciclopédia Encarta de Microsoft).

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