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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Livro dos Mártires - Parte 33

O reverendo Lawrence Saunders
O senhor Saunders, depois de passar algum tempo na escola de Eaton, foi escolhido para ir ao King's College, em Cambridge, onde permaneceu durante três anos, crescendo em conhecimentos e aprendendo muito por aquele breve espaço de tempo. Pouco depois saiu da universidade e voltou à casa de seus pais, mas logo voltou a Cambridge para seguir estudando, e começou a agregar ao conhecimento do latim o estudo das línguas gregas e hebraica, e se deu ao estudo das Sagradas Escrituras, para capacitar-se melhor para o ofício de predicador.
A começo do reinado de Eduardo, quando foi introduzida a verdadeira religião de Deus, depois de obter licença começou a predicar, e foi tão do agrado dos que então tinham autoridade, que o designaram para ler um conferencia de teologia no College de Fothringham. Ao dissolver-se o College de Fothringham, foi designado como leitor da catedral em Litchfield. Depois de um certo tempo, saiu daí com uma prebenda em Leicestershire chamada Church-Langton, onde teve residência, ensinou com diligência, e manteve casa aberta. Dali foi chamado a tomar uma prebenda na cidade de Londres chamada Todos Santos, em Bread Street. Depois disso predicou em Northhampton, nunca misturando-se com o estado, más pronunciando-se abertamente sua consciência contra os papistas que podiam logo voltar a levantar cabeça na Inglaterra, como uma justa peste pelo escasso amor que mostrava a nação inglesa então pela bendita Palavra de Deus, que tinha-lhes sido oferecida de forma tão abundante.
O partido da rainha se encontrava ali, e ao ouvi-lo se sentiram ofendidos por seu sermão por isso o levaram preso. Mas em parte por seu amor a seus irmão e amigos, que eram os principais agentes da rainha entre eles, e em parte porque não tinha quebrantado lei alguma com sua predicação, o deixaram ir.
Alguns de seus amigos, ao ver aquelas terríveis ameaças, lhe aconselharam que fugisse do reino, o que ele recusar a fazer. Mas ao ver que seria privado por meios violentos de fazer o bem naquele lugar, voltou a Londres a visitar sua grei.
Na tarde do domingo 15 de outubro de 1554, enquanto lia em sua igreja para exortar a seu povo, o bispo de Londres o interrompeu, enviando um xerife para levá-lo.
Disse o bispo que em sua caridade se comprazia em deixar passar sua traição e sedição por enquanto, mas que estava disposto a demonstrar que era herege ele e todos os que ensinavam que a administração dos Sacramentos e todas as ordens da Igreja são mais puros quanto mais se aproximam à ordem da Igreja primitiva.
Depois de uma longa conversação acerca desta questão, o bispo lhe pediu que escrevesse o que acreditava acerca da transubstanciação. Lawrence Saunders o fez, dizendo: "Meu senhor, vós buscais meu sangue, e o tereis; rogo a Deus que sejais batizado nele de modo tal que desde então abomineis o derramamento de sangue e vireis um homem melhor". Acusado de contumácia, as severas réplicas do senhor Saunders ao bispo (que em épocas passadas, para obter o favor de Henrique VIII havia escrito e feito imprimir um livro de verdadeira obediência, no qual havia declarado abertamente que Maria era uma bastarda), o irritaram de tal modo que exclamou: "Levai este frenético insensato à prisão".
Depois deste bom e fiel mártir passou encarcerado um ano e três meses, os bispos finalmente o chamaram, a ele e a seus companheiros de prisão, para serem interrogados ante o conselho da rainha.
Acabado seu interrogatório, os oficiais o tiraram do lugar, e ficaram fora até que o resto de seus companheiros fossem igualmente interrogados, para levá-los a todos junto de novo ao cárcere.
Depois de sua excomunhão e entrega ao braço secular, foi levado pelo xerife de Londres ao Compter, um cárcere em sua própria paróquia de Bread Stree, com o qual se regozijou grandemente, porque ali encontrou um companheiro de cárcere, o senhor Cardmaker, com quem teve muitas consoladoras conversações cristãs; e porque quando saísse daquela prisão, como antes em seu púlpito, poderia ter a oportunidade de predicar a seus fiéis. O 4 de fevereiro, Bonner, bispo de Londres, acudiu à cela para degradá-lo; no dia seguinte, pela manhã, o xerife de Londres o entregou a certos membros da guarda da rainha, que tinham ordem de levá-lo à cidade de Coventry, para ali ser queimado.
Quando houveram chegado em Coventry, um coitado sapateiro que costumava servi-lo com sapatos, acudiu a ele e lhe disse: "Oh, meu bom senhor, que Deus lhe fortaleça e console". "bom sapateiro", lhe respondeu o senhor Saunders, "te peço que orem por mim, porque sou o homem mais inapropriado que jamais tenha sido designado para esta elevada missão; porém meu Deus e Pai amante e cheio de graça é suficiente para fazer-me forte como seja necessário". No dia seguinte, o 8 de fevereiro de 1555 foi levado ao lugar da execução, no parque fora da cidade. Foi numa túnica velha e camisa, descalço, e amiúde se prostrava em terra para orar. Quando chegaram perto do lugar, o oficial designado para cuidar da execução disse ao senhor Saunders que ele era um dos que faziam mal ao reino da rainha, porém que se retratasse haveria perdão para ele. "Não serei eu", respondeu o santo mártir, "senão vós outros os que fazeis dano ao reino. O que eu sustento é o bendito Evangelho de Cristo; acredito nele, o ensinei, e jamais o revogarei". Depois o senhor Saunders se dirigiu lentamente para o fogo, se ajoelhou em terra e orou. Depois se levantou, abraçou a estaca e disse várias vezes: "Bem-vinda, cruz de Cristo! Bem-vinda, vida eterna!". Aplicaram então fogo á pira, e ele, abrumado pelas terríveis labaredas, caiu dormido em braços do Senhor Jesus.

A história, encarceramento e interrogatório do senhor John Hooper, bispo de Worcester e Gloucester
John Hooper, estudante e graduado da Universidade de Oxford, sentiu-se tão movido com tão fervoroso desejo de amar e conhecer as Escrituras que se viu obrigado a ir embora dali, e ficou em casa de Sir Tomás Arundel como mordomo, até que Sir Tomás soube de suas opiniões e religião, que ele não favorecia de modo algum, ainda que favorecesse cordialmente sua pessoa e condição e anelasse ser seu amigo. O senhor Hooper teve agora a prudência de abandonar a casa de Sir Tomás e foi a Paris, porém pouco tempo depois voltou para Inglaterra, e foi acolhido pelo senhor Sentlow, até o momento em que de novo foi fustigado e perseguido, com o que voltou a passar para a França, e às terras altas da Alemanha; ali, entrando em contato com homens eruditos, recebeu deles livre e afetuosa hospitalidade, tanto na Basiléia como especialmente em Zurique, pelo senhor Bullinger, que foi especialmente amigo dele; ali também casou com sua mulher, que era de Borgonha, e se aplicou diligentemente ao estudo da língua hebraica.
No final, quando Deus teve o beneplácito de dar fim ao sangrento tempo dos seis artigos e dar-nos o rei Eduardo para reinar sobre este reino, com alguma paz e repouso para a Igreja, entre os muitos outros exilados que voltaram à pátria se encontrava também o senhor Hooper, quem voltou conscientemente, não para ausentar-se de novo, senão buscando o momento e a oportunidade, oferecendo-se para impulsionar a obra do Senhor até os limites de sua capacidade.
Quando o senhor Hooper se despediu do senhor Billinger e de seus amigos em Zurique, se dirigiu de volta à Inglaterra no reinado do rei Eduardo VI, e chegando a Londres, começou a predicar, a maioria dos dias duas vezes, ou pelo menos uma vez por dia.
Em seus sermões, conforme seu costume, corrigia o pecado e falava severamente Cintra a iniqüidade do mundo e os abusos corrompidos da Igreja. O povo comparecia em grandes multidões e grupos a ouvir sua voz a diário, como se fosse o som mais melodioso e a música da harpa de Orfeu, de modo que às vezes, quando predicava, a igreja estava tão lotada que não cabia nem uma agulha. Era fervoroso em seu ensino, eloqüente em sua palavra, perfeito nas Escrituras, infatigável em sua tarefa, exemplar em sua vida.
Tendo predicado ante a majestade real, logo foi designado bispo de Gloucester. Prosseguiu dois anos naquele cargo, e se comportou tão bem que seus inimigos não puderam achar ocasião contra ele, e depois foi feito bispo de Worcester.
O doutor Hooper cumpriu a função do mais solícito e vigilante pastor por espaço de dois anos e algo a mais, enquanto o estado da religião, no reinado do rei Eduardo, foi sadio e florescente.
Depois de ser sido citado a comparecer ante Bonner e o doutor Heath, foi levado ao Conselho, acusado em falso de dever dinheiro à rainha, e no ano seguinte, 1554, escreveu relato dos duros tratos recebidos durante um confinamento de dezoito meses no Fleet, e depois de seu terceiro interrogatório, o 28 de janeiro de 1555, em St. Mary Overy's, ele e o reverendo Rogers foram levados ao Compter em Southwark, onde foram deixados até o dia seguinte às nove da manhã, para ver se voltavam para trás. "Venha, irmão Rogers", lhe disse o doutor Hooper, "devemos tomar esta questão por nós, e começar a sermos assados nestas fogueiras?" "Sim, doutor", disse o senhor Rogers, "pela graça de Deus". "Não tenha dúvida alguma", respondeu o doutor Hooper "de que Deus nos dará forças"; e o povo apludia tanto sua tenacidade que apenas se podiam passar.
O 29 de janeiro, o bispo Hooper foi degradado e condenado, e o reverendo senhor Rogers foi tratado de forma similar. Ao escurecer, o doutor Hooper foi levado a Newgate pelo meio da cidade; ao passar muitas pessoas saíram a suas portas com luzes, saudando-o e dando graças a Deus pela sua constância. Durante os poucos dias que esteve em Newgate foi freqüentemente visitado por Bonner e outros, mas sem êxito algum. Tal como Cristo foi tentado, assim o tentaram a ele, e depois informaram maliciosamente que se havia retratado. O lugar de seu martírio foi fixado em Gloucester, com o que se regozijou muito, levantando ao olhos ao céu, e louvando a Deus que o enviava entre aquela gente da qual era pastor, para confirmar ali com sua morte a verdade que antes tinha-lhes ensinado.
O 7 de fevereiro chegou a Gloucester, por volta das cinco da tarde, e se alojou na casa de um chamado Ingram. Depois de dormir um pouco, se manteve em oração até a manhã; e o resto do dia o dedicou do mesmo modo à oração, exceto um pouco de tempo nas comidas e quando conversava com aqueles que o guarda gentilmente lhe permitia.
Sir Anthony Kingston, que antes tinha sido um bom amigo do doutor Hooper, foi designado por uma carta da rainha para que presidisse a execução. Tão logo como viu o bispo prorrompeu em lágrimas. Com entranháveis rogos o exortou a viver. Certo é que a morte é amarga, e que a vida é doce", lhe disse o bispo, "porém, ay! Considera que a morte vindoura é mais amarga, e que a vida vindoura é mais doce".
Aquele mesmo dia um menino cego recebeu permissão para ser conduzido à presença do doutor Hooper. Aquele mesmo menino tinha sofrido prisão em Gloucester, não muito tempo antes, por confessar a verdade. "Ah, pobre menino!", disse o bispo, "embora Deus tenha tirado a visão externa, pela razão que Ele saberá melhor, contudo tem dotado tua alma com a visão do conhecimento e da fé. Que Deus te dê graça para que ores a Ele continuamente, para que não percas a visão, porque então estarias certamente cego de corpo e alma".
Enquanto o alcaide esperava que se preparasse para a execução, ele expressou sua total obediência, e somente pediu que fosse um fogo rápido que desse fim a seus tormentos. Depois de levantar-se pela manhã, pediu que não deixassem entrar ninguém em sua câmara, para poder ficas a sós até a hora da execução.
Por volta das 8 da manhã do dia 9 de fevereiro de 1555 foi tirado, e havia milhares de pessoas congregadas, porque era dia de mercado. A todo o longo do caminho, tendo ordens estritas de não falar, e vendo o povo, que se lamentava amargamente por ele, levantava seus olhos ao céu, e olhava alegremente aos que conhecia; nunca o viram, durante todo o tempo que estivera entre eles antes, com um semblante tão alegre e iluminado como naquela ocasião. Quando chegou no lugar designado para a execução, contemplou sorridente a estaca e os preparativos feitos para ele, perto do grande olmo diante do colégio de sacerdotes, onde costumava predicar antes.
Agora, depois de ter entrado em oração, trouxeram uma caixa e a colocaram sobre um banquinho. Na caixa estava o perdão da rainha se ele voltava atrás. Ao vê-lo, exclamou: "Se amais minha alma, tirai isso dali!" Ao ser tirada a caixa, disse lorde Chandois: Já vedes que não há remédio; acabai com ele rapidamente".
Agora deram ordem para que se acendesse o fogo. Porém devido a que não havia mais lenha verde que a que podiam trazer dois cavalos, não acendeu rapidamente, e também se passou bastante tempo antes que acendessem as canas sobre a lenha. No final acendeu o fogo em sua volta, mas havendo muito vento naquele lugar, e sendo uma manhã glacial, afastava a chama a seu redor, pelo que apenas foi tocado pelo fogo.
Após um tempo trouxeram lenha seca, e se acendeu um novo foco com brasas (porque não havia já mais canas), e somente queimou a parte de baixo, mas não tinha muita chama por acima, devido ao vento, embora lhe queimou o cabelo e lhe abrasou um pouco a pele. Durante o tempo deste fogo, já desde a primeira labareda, orou, dizendo mansamente, e não muito forte, como algum sem dor: "Oh, Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim e recebe minha alma!" Quando se houve apagado o segundo fogo, se esfregou ambos olhos com as mãos, e olhando as pessoas, disse-lhe com voz calma e forte: "Pelo amor de Deus, boa gente, colocai mais fogo!". Enquanto isso seus membros inferiores ardiam, mais as brasas eram tão poucas que a chama somente chamuscava suas partes superiores.
Acenderam o terceiro fogo após um tempo, que era mais intenso que os outros dois. Neste fogo ele orou em alta voz: "Senhor Jesus, tem misericórdia de mim! Senhor Jesus, recebe meu espírito!" E estas foram as últimas vozes que se ouviram. Mas quando tinha a boca escurecida e sua língua estava tão inchada que não podia falar, catacumba se moveram seus lábios até ficarem encolhidos sobre as gengivas, e se batia no peito com suas mãos até que um de seus braços se desprendeu, e depois continuou batendo com a outra,mas enquanto saia gordura, sangue e água dos extremos dos dedos; finalmente, ao renovar-se o fogo, desapareceram suas energias, e sua mão ficou fixa após bater na corrente sobre seu peito. Depois, inclinando-se para a frente, entregou seu espírito.
Assim permaneceu três quartos de hora ou mais no fogo. Como um cordeiro, paciente, suportou esta atroz tortura, não mexendo-se nem para atrás nem para nenhum lado, senão que morreu tão aprazivelmente como um bebê em seu berço. E agora reina, não tenho dúvida, como bendito mártir nos gozos do céu, preparados para os fiéis em Cristo desde antes da fundação do mundo, e pela constância dos quais todos os cristãos devem louvar a Deus.

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