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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Livro dos Mártires - Parte 38


A visão das três escadas de mão
Quando Robert Samuel foi conduzido para ser queimado, vários dos que estavam perto dele o ouviram contar estranhas coisas que lhe tinham acontecido durante o tempo de seu encarceramento; como que depois de ter estado quase morrendo ed fome por dois ou três dias, caiu logo num sono como médio adormecido, no qual lhe pareceu ver a um todo vestido de branco diante dele, que o confortou com estas palavras: "Samuel, Samuel, tem ânimo, e alenta teu coração; porque depois deste dia não estarás nem faminto nem sedento".
Não menos memoráveis nem menos dignas de menção são as três escadas que narrou a vários que viu em seu sono, que subiam ao céu; uma delas era um tanto mais compridas que as outras duas, porém no final se transformaram numa só, unindo-se as três numa única.
Enquanto este piedoso mártir ia para o fogo, se aproximou dele certa donzela, que o abraçou e o beijou; esta, observada pelos que estavam perto, foi buscada no dia seguinte para lançá-la no cárcere e queimá-la, como a mesma moça me informou; contudo, tal como Deus o ordenou em sua bondade, ela fugiu de suas mãos ferozes, e se manteve oculta na cidade durante bastante tempo depois.
Mas assim como esta moça, chamada Rose Nottingham, foi maravilhosamente preservada pela providência de Deus, houve não obstante duas honradas mulheres que caíram sob a fúria desatada daqueles tempos. A primeira era a mulher de um cervejeiro, e a outra a mulher de um sapateiro, porém ambas estavam agora desposadas a um novo marido, a Cristo.
Com estas duas tinha esta moça já mencionada uma grande amizade; ao aconselhar ela a uma das casadas, dizendo-lhe que devia ocultar-se enquanto tivesse tempo e oportunidade, recebeu esta resposta: "Sei muito bem que para ti é legítimo fugir; este é um remédio que podes utilizar se desejas. Meu caso é distinto. Estou ligada a meu marido, e além disso tenho crianças pequenas em casa; por isso, estou decidida, por amor a Cristo, a manter-me firme até o fim".
Assim, no dia seguinte que padecera Samuel, estas piedosas mulheres, uma chamada Anne Ponen e a outra Joan Trunchfield, esposa de Michael Trunchfield, sapateiro de Ipswich, foram encarceradas e lançadas juntas na prisão. Como eram ambas, por seu sexo e constituição, mais bem fracas, foram portanto menos capazes no princípio de resistir a dureza da prisão; e de forma especial a mulher do cervejeiro se viu lançada numas agonias e angústias de mente por isso. Porém Cristo, contemplando a debilidade de sua serva, não deixou de ajudá-la nesta necessidade; e assim as duas sofreram depois de Samuel, o 19 de fevereiro de 1556. e elas eram indubitavelmente as duas escadas que, unidas à terceira, viu Samuel subindo para o céu. Este bem-aventurado Samuel, servo de Cristo, tinha sofrido o 31 de agosto de 1555.
Conta-se entre os que estiveram presentes e que o viram ser queimado, que ao queimar seu corpo resplandeceu nos olhos dos que estavam perto dele, tão brilhante e branco como a prata de lei.
Quando Agnes Bongeor se viu separada se seus companheiros de prisão se lamentou e se pus a gemer de tal modo, lhe sobrevieram tais estranhos pensamentos à cabeça, se viu tão falta de assistência e desolada e afundou em tal profundeza de desespero e de angústia, que foi um espetáculo lastimoso e penoso; tudo porque ela não pôde ir com eles a dar sua vida em defesa de seu Cristo; porque a vida era o que menos valorava de todas as coisas deste mundo.
Isso se devia a que aquela manhã na que não foi levada à fogueira tinha-se colocado um vestido que havia preparado só para aquele propósito. Tinha também um filho pequeno, de peito, a quem tinha guardado docemente todo o tempo que estava no cárcere, até aquele dia em que também o entregou a uma aia, preparando-se ela para entregar-se para o testemunho do glorioso Evangelho Deus Jesus Cristo. Tão pouco desejava a vida, e tão grandemente operavam nela os dons de Deus por sobre a natureza, que a morte lhe parecia muito mais bem-aventurada que a vida. Depois disto começou a estabilizar-se e a exercitar-se na leitura e na oração, o que lhe deu não pouco consolo.
Pouco tempo depois chegou a ordem de Londres para que fosse queimada, ordem que foi executada.

Hugh Laverick e John Aprice
Aqui vemos que nem a impotência da idade nem a aflição da cegueira podiam desviar as garras assassinas destes monstros babilônicos. O primeiro destes desafortunados era da paróquia de Barking, de sessenta e oito anos de idade, pintor e paralítico. O outro era cego, escurecido certamente em quanto a suas faculdades visuais, porém intelectualmente iluminado com a luz do Evangelho eterno da verdade. Pessoas inofensivas que eram, foram denunciadas por alguns filhos do fanatismo, e arrastados ente o sanguinário prelado de Londres, onde sofreram um interrogatório, e replicaram os artigos que lhes propuseram, como já tinham feito outros mártires cristãos. O 9 de maio, no consistório de são Paulo, foram cominados a desdizer-se, e ao recusarem foram enviados a Fulham, onde Bonner, depois de ter comido, como sobremesa os condenou às agonias do fogo. Entregues ao braço secular o 15 de maio de 1556, foram levados em carreta desde Newgate a Stratford-le-Bow, onde foram amarrados à estaca. Quando Hugh Laverick ficou amarrado com a corrente, sem precisar já de sua muleta, a lançou longe, dizendo-lhe a seu companheiro de martírio, enquanto o consolava: "Alegra-te, meu irmão, porque o lorde de Londres é um bom médico; pronto nos curará, a ti de tua cegueira, e a mi de minha paralisia". E foram alimento das chamas, para levantar-se na imortalidade.
O dia depois dos anteriores martírios, Catherine Hut, de Bocking, uma viúva, Joan Homs, solteira, de Billericay, e Elizabeth Thackwel, solteira, de Great Burstead, sofreram a morte em Smithfield.
Tomás Dowry. Outra vez temos que registrar um ato de crueldade implacável, cometido contra este rapaz, a quem o bispo Hooper tinha confirmado no Senhor e no conhecimento da Palavra.
Não se sabe com certeza quanto tempo esteve este coitado sofrente no cárcere. Pelo testemunho de John Paylor, atuador de Gloucester, sabemos que quando Dowry foi feito comparecer ante o doutor Williams, então chanceler de Gloucester, lhe foram apresentados os artigos usuais para que os assinasse; ao dissentir dos mesmos, e ao exigi-lhe o doutor que lhe dissesse quem e onde tinha aprendido suas heresias, o jovem respondeu: "Senhor chanceler, as aprendi de vossa parte naquele mesmo púlpito. Em tal dia (citando uma data) vós dissestes, ao predicar sobre o Sacramento, que devia ser exercido espiritualmente pela fé, e não carnalmente, como o ensinam os papistas". Então o doutor Williams o convidou a que se desdissesse, como ele mesmo tinha feito; porém Dowry não tinha aprendido as coisas desta forma. "Embora vós podais zombar tão facilmente de Deus, do mundo e de vossa própria consciência, eu não agirei assim".

A preservação de George Crow e de seu Novo Testamento
Este coitado, de Malden, zarpou um 26 de maio de 1556 para carregar em Lent terra, porém o barco encalhou num banco de areia, se encheu de água, e perdeu toda a carga; contudo, Crow salvou seu Novo Testamento, e não cobiçava nada mais. Com Crow estavam um homem e um rapaz, e sua terrível situação se fez mais e mais alarmante com o passar dos minutos, e a embarcação era inútil. Estavam a dez milhas de terra, esperando que a maré começasse logo a subir sobre eles. Depois de orar a Deus, subiram ao mastro, e se aferraram a ele por espaço de dez horas, até que o coitado rapaz, vencido pelo frio e o esgotamento, caiu e se afogou. Ao descer a maré, Crow propus baixar os mastros e flutuar sobre eles, e assim o fizeram; e às dez da noite se entregaram às ondas. Na quarta-feira pela noite, o companheiro de Crow morreu de fadiga e fome, e ele ficou sozinho, clamando a Deus que o socorresse. Afinal foi recolhido pelo capitão Morse, rumo de Amberes, que quase tinham passado por ele, tomando-o por uma bóia de pescador flutuando no mar. Tão logo como Crow esteve a bordo, pus a mão em seu bolso e tirou seu Novo Testamento, que estava desde logo molhado, porém sem maiores danos. Em Amberes foi bem recebido, e o dinheiro que tinha perdido lhe foi mais que compensado.

Execuções em Stratford-le-Bow
Neste sacrifício que vamos detalhar, não menos de treze foram condenados à fogueira.
Ao recusar cada um deles afirmar coisas contrárias a suas consciências, foram condenados, e o 27 de junho de 1556 foi marcado como o dia de sua execução em Stratford-le-Bow. Sua constância e fé glorificaram a seu Redentor, o mesmo em vida que na morte,

O reverendo Julius Palmer
A vida deste cavalheiro mostra um singular exemplo de erro e de conversão. Em tempos de Eduardo foi um rígido papista, tão adverso à piedosa e sincera predicação que incluso era menosprezado por seu próprio partido; que sua mentalidade mudasse, e sofresse perseguição em tempos da Rainha Maria, constitui um daqueles acontecimentos da onipotência ante os que nos maravilhamos e ficamos enchidos de admiração.
O senhor Palmer nasceu em Coventry, onde seu pai tinha sido alcaide. Ao trasladar-se posteriormente a Oxford, chegou a ser, sob o senhor Hartey, do Magdalen College, um elegante erudito de latim e grego. Adorava as conversações interessantes, possuis um grande engenho e uma poderosa memória. Infatigável no estudo privado, levantava-se às quatro da manhã, e com esta prática se qualificou para chegar a ser o leitor de lógica no Magdalen College. Mas ao favorecer a Reforma o reinado de Eduardo, viu-se freqüentemente castigado por seu menosprezo à oração e à conduta ordenada, e foi finalmente expulsado da instituição.
Depois abraçou as doutrinas da Reforma, o qual o levou a seu arresto e final condena.
Um certo nobre lhe ofereceu a vida se abjurava. "Se assim fizeres", lhe disse, "viverás comigo. E se pensas casar, te conseguirei uma esposa e uma granja, e vos ajudarei a equipá-la. Que dizes a isto?"
Palmer lhe agradeceu com muita cortesia, mas de forma muito modesta e respeitosa lhe observou que já havia renunciado a viver em dois lugares por causa de Cristo, pelo que pela graça de Deus estaria disposto também a dar sua vida pela mesma causa, quando Deus o dispuser.
Quando Sir Richard viu que seu interlocutor não estava disposto a ceder em absoluto, lhe disse: "Bem, Palmer, vejo que um de nós dois vai condenar-se; porque somos de duas fés distintas, e estou bem certo de que existe uma única fé que leva à vida e à salvação".
Palmer: "Bem, senhor, eu espero que ambos nos salvemos".
Sir Richard: "E como poderá ser isto?"
Palmer: "De forma muito clara. Porque a nosso misericordioso Deus lhe aprouve chamar-me, em conformidade com a parábola do Evangelho, na terceira hora do dia, em meu florescimento, à idade de vinte e quatro anos, assim como espero que vos tenha chamado, e vos chamará, na hora undécima desta vossa velhice, para dar-vos vida eterna como vossa porção".
Sir Richard: "Isto dizes? Bem, Palmer, bem, gostaria ter você um só mês em minha casa; não duvido que eu te converteria, ou que tu me converterias".
Então disse o Master Winchcomb: "Apieda-te destes anos dourados, e das prazerosas flores da frondosa juventude, antes que seja demasiado tarde".
Palmer: "Senhor, anelo aquelas flores primaverais que jamais murcharão".
Foi julgado o 15 de julho de 1556, junto com um companheiro de prisão chamado Tomás Askin. Askin e um tal John Guin tinham sido sentenciados o dia anterior, e o senhor Palmer foi levado o 15 para ouvir sua sentença definida. Foi ordenado que a execução seguisse à sentença, e às 5 daquela mesma tarde estes mártires foram amarrados ao poste num lugar chamado Sand-pits. Depois de ter orado devotamente juntos, cantaram o Salmo 31.
Quando foi aceso o fogo e pegou seus corpos, continuaram clamando, sem dar aparência alguma de sofrer dor: "Senhor Jesus, fortalece-nos! Senhor Jesus, recebe nossas almas!", até que ficou suspendida sua vida e desapareceu o sofrimento humano. Deve destacar-se que quando suas cabeças tiveram caído juntas como numa massa pela força das chamas, e os espectadores achavam que Palmer estava já sem vida, de novo se mexeram sua língua e lábios, e o ouviram pronunciar o nome de Jesus, a quem seja a glória e a honra para sempre.

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