Leitura da Bíblia em um ano:
25/07 26/07 27/07 28/07 29/07 30/07 31/07 01/08 02/08 03/08 04/08 05/08 06/08 07/08 08/08 09/08 10/08 11/08 12/08 13/08 14/08 15/08 16/08 17/08 18/08 19/08 20/08 21/08 22/08 23/08 24/08 25/08 26/08 27/08 28/08 29/08 30/08 31/08 01/09 02/09 03/09 04/09 05/09 06/09 07/09 08/09 09/09 10/09 11/09 12/09 13/09 14/09 15/09 16/09 17/09 18/09 19/09 20/09 21/09 22/09 23/09 24/09 25/09 26/09 27/09 28/09 29/09 30/09 01/10 02/10 03/10 04/10 05/10 06/10 07/10 08/10 09/10 10/10 11/10 12/10 13/10 14/10 15/10 16/10 17/10 18/10 19/10 20/10 21/10 22/10 23/10 24/10 25/10 26/10 27/10 28/10 29/10 30/10 31/10 01/11 02/11 03/11 04/11 05/11 06/11 07/11 08/11 09/11 10/11 11/11 12/11 13/11 14/11 15/11 16/11 17/11 18/11 19/11 20/11 21/11 22/11 23/11 24/11 25/11 26/11 27/11 28/11 29/11 30/11 01/12 02/12 03/12 04/12 05/12 06/12 07/12 08/12 09/12 10/12 11/12 12/12 13/12 14/12 15/12 16/12 17/12 18/12 19/12 20/12 21/12 22/12 23/12 24/12 25/12 26/12 27/12 28/12 29/12 30/12 31/12 01/01 02/01 03/01 04/01 05/01 06/01 07/01 08/01 09/01 10/01 11/01 12/01 13/01 14/01 15/01 16/01 17/01 18/01 19/01 20/01 21/01 22/01 23/01 24/01 25/01 26/01 27/01 28/01 29/01 30/01 31/01 01/02 02/02 03/02 04/02 05/02 06/02 07/02 08/02 09/02 10/02 11/02 12/02 13/02 14/02 15/02 16/02 17/02 18/02 19/02 20/02 21/02 22/02 23/02 24/02 25/02 26/02 27/02 28/02 29/02 01/03 02/03 03/03 04/03 05/03 06/03 07/03 08/03 09/03 10/03 11/03 12/03 13/03 14/03 15/03 16/03 17/03 18/03 19/03 20/03 21/03 22/03 23/03 24/03 25/03 26/03 27/03 28/03 29/03 30/03 31/03 01/04 02/04 03/04 04/04 05/04 06/04 07/04 08/04 09/04 10/04 11/04 12/04 13/04 14/04 15/04 16/04 17/04 18/04 19/04 20/04 21/04 22/04 23/04 24/04 25/04 26/04 27/04 28/04 29/04 30/04 01/05

sábado, 27 de agosto de 2011

Livro dos Mártires - Parte 34


A vida e conduta do doutor Rowland Taylor de Hadley
O doutor Rowland Taylor, vigário de Hadley, em Suffolk, era homem de eminente erudição, e tinha sido admitido ao grau de doutor de lei civil e canônica.
Sua adesão aos princípios puros e incorruptos do cristianismo o recomendaram ao favor e à amizade do doutor Cranmer, arcebispo de Canterbury, com quem viveu muito tempo, até que por meio de seu interesse obteve o vicariato de Hadley.
Não só sua palavra lhes predicava, senão que toda sua vida e conversação era um exemplo de vida cristã não fingida e de verdadeira santidade. Estava isento ed soberba; era humilde e gentil como uma criança, de modo que ninguém era tão pobre que não pudesse recorrer a ele como a um pai, com toda liberdade; e sua humildade não era infantil ou cobarde, senão que, quando a ocasião o demandava e o lugar o requeria, era firme em repreender o pecado e os pecadores. Ninguém era demasiado rico para que ele não fosse a repreendê-lo claramente por suas faltas, com recriminações tão solenes e graves como convinham a um bom clérigo e pastor. Era um homem disposto a fazer o bem a todos; perdoava bem disposto a seus inimigos, e nunca tentou fazer dano algum e ninguém.
Era, para os pobres que eram cegos, coxos, que estavam doentes, deitados no leito da dor, ou que tinham muitos filhos, um verdadeiro padre, um protetor solícito, e um provedor diligente, de forma que fez que os fiéis fizessem um fundo geral para eles; e ele mesmo (além do alívio contínuo que sempre encontravam em sua casa) dava uma porção digna a cada ano às oferendas comuns. Sua mulher era também uma matrona honrada, discreta e sóbria, e seus filhos, e seus filhos estavam bem educados, criados no temor de Deus e numa boa instrução.
Era boa sal da terra, com um sadio mordente para as formas corrompidas dos malvados; luz na casa de Deus, colocada num candeeiro para que o imitassem e continuassem todos os homens bons.
Assim continuou este bom pastor entre sua grei, governando-os e conduzindo-os através do deserto deste malvado mundo, todos os dias daquele santo e inocente rei de abençoada memória, Eduardo VI. Porém a sua morte, e com a ascensão da Rainha Maria ao trono, não escapou à negra nuvem que se abateu também sobre os santos; porque dois membros de sua paróquia, um advogado chamado Foster e um comerciante chamado Clark, guiados pelo cego zelo, decidiram que se celebrasse a missa com todas suas formas de superstição, na igreja paroquial de Hadley, na segunda-feira antes da Páscoa. O doutor Taylor, entrando na igreja, o proibiu estritamente; porém Clarck expulsou o doutor fora da igreja, celebrou a missa e imediatamente informou ao lorde chanceler, bispo de Winchester, de sua conduta, o qual o chamou a comparecer e a dar resposta das acusações que se faziam contra ele.
O doutor, ao receber o chamamento, se preparou bem disposto para obedecê-lo, rejeitando o conselho de seus amigos para fugir ao outro lado do mar. Quando Gardiner viu o doutor Taylor, o injuriou, segundo era seu costume. O doutor Taylor escutou os insultos com paciência, e quando o bispo lhe disse: "Como te atreves a olhar-me na cara? Não sabes quem sou eu?", o doutor Taylor respondeu: "Vós sois Stephen Gardiner, bispo de Winchester e lorde chanceler, mas somente sois um homem mortal. Contudo, se eu devesse temer vossa senhoril aparência, por que não temeis vós a Deus, o Senhor de todos nós? Com que rosto aparecereis ante o tribunal de Cristo, e respondereis do juramento que fizestes primeiro ao rei Henrique VIII, e depois a seu filho o rei Eduardo VI?"
Continuou sua longa conversação, na que o doutor Taylor falou tão mesurada e severamente a seu antagonista que este exclamou: "Tu és um blasfemo herege! Em verdade blasfemas contra o bendito Sacramento (e aqui tirou o chapéu) e falas em contra da santa missa, que é constituída sacrifício pelos vivos e os mortos!". Depois, o bispo o entregou ao tribunal real.
Quando o doutor Taylor chegou ali, encontrou o virtuoso e diligente predicador da Palavra de Deus que era o senhor Bradford, o qual igualmente deu graças a Deus por dar-lhe tão bom companheiro de prisão; e ambos juntos louvaram a Deus, e persistiram em oração, em leitura, e em exortar-se mutuamente.
Depois que o doutor Taylor esteve um tempo em cárcere, foi citado para comparecer sob as arcadas da igreja de Bow.
Condenado, o doutor Taylor foi enviado a Clink, e os guardas daquele cárcere receberam ordens de tratá-lo mal. Pela noite foi levado a Poultry Compter.
Quando o doutor Taylor houve permanecido em Compter por volta de uma semana, o 4 de fevereiro chegou Bonner para degradá-lo, levando consigo ornamentos pertencentes à comédia da missa; porém o doutor recusou aqueles disfarces, que finalmente lhe foram colocados pela força.
A noite depois de ser degradado, sua mulher o visitou com seu servo John Hull e com seu filho Tomás, e pela bondade dos carcereiros puderam jantar com ele.
Depois de jantar, andando adiante e atrás, deu graça a Deus por sua graça, que lhe tinha dado a fortaleza para manter-se em sua santa Palavra. Com lágrimas oraram juntos, e se beijaram. A seu filho Tomás lhe deu um livro latino que continha os ditados notáveis dos antigos mártires, e no final do mesmo escreveu seu testamento: "Digo a minha esposa e a meus filhos: o Senhor me deu a vós outros, e o Senhor me tira de vós e a vós de mim. Bendito seja o nome do Senhor! Acredito que são bem-aventurados os que morrem pelo Senhor. Deus se cuida dos passarinhos, e conta os cabelos de nossas cabeças. O encontrei a Ele mais fiel e favorável do que possa sê-lo nenhum pai ou marido. Portanto, confiai nEle por meio dos méritos de nosso amado Senhor Jesus Cristo; crede nEle, amai-o, temei-o e obedecei-o. orar a Ele, porque Ele tem prometido ajudar. Não me considereis morto, porque certamente viverei e nunca morrerei. Vou na frente, e vós me seguireis depois a nosso eterno lar".
Pela manhã, o xerife de Londres e seus oficiais foram a Compter às duas da madrugada, e levaram o doutor Taylor, e sem luz alguma o conduziram a Woolsalk, uma pousada fora das muralhas, perto de Aldgate. A mulher do doutor Taylor, que suspeitava que naquela noite levariam seu marido, tinha ficado vigiando na entrada da igreja de St. Botolph, junto de Aldgate, tendo suas duas filhas consigo, Elizabete, de treze anos (a qual, órfã de pai e mãe tinha sido adotada pelo doutor Taylor desde os três anos de idade) e outra, Maria, filha carnal do doutor Taylor.
Agora, quando o xerife e seu grupo chegaram frente à igreja de St. Botolph, Elizabete gritou: "Pai querido! Mãe, mãe, ali estão levando meu pai!" Então, a mulher gritou: "Rowland, Rowland, onde estás?", porque era uma manhã sumamente escura, e não podiam ver-se bem uns a outros. O doutor Taylor respondeu: "Querida esposa, estou aqui", e se deteve. Os homens do xerife o teriam empurrado para obrigá-lo a prosseguir o caminho, porém o xerife disse: "Detende-vos um pouco, senhores, rogo-vos, e deixai-o falar com sua mulher". Então se detiveram.
E ela se aproximou dele, e ele tomou sua filha Maria em seus braços; ele, sua mulher e Elizabete se ajoelharam e oraram a Oração do Senhor, ante o qual o xerife chorou abertamente, como também vários outros da companhia. Depois de ter orado, se levantou e beijou a sua mulher, e lhe deu a mão, dizendo-lhe: "Adeus, minha querida esposa; encoraja-te, porque tenho a consciência em paz. Deus suscitará um pai para minhas filhas".
A todo o longo do caminho, o doutor Taylor esteve gozoso e feliz, como dispondo-se para ir ao banquete ou festa de bodas mais esplendoroso. Disse muitas coisas notáveis ao xerife e aos cavalheiros da guarda que o levavam, e freqüentemente os moveu às lágrimas, com seus fervorosos chamamentos a arrepender-se e a emendar suas vidas malvadas e perversas. Outras várias vezes os assombrou e alegrou, ao vê-lo tão constante e firme, carente de temor, gozoso de coração, e feliz de morrer.
Quando chegou a Aldham Common, o lugar onde devia sofrer, ao ver tanta multidão reunida, perguntou: "Qual é este lugar, e para que se tem reunido tanta gente aqui?" Lhe responderam: "Este lugar se chama Aldham Common, o lugar de teu sofrimento; e esta gente tem vindo a contemplar-te". Então ele disse: "Graças a Deus, já quase estou em casa!", e desmontou de seu cavalo e com ambas as mãos se arrancou o capuz da cabeça.
Seu cabelo tinha sido raspado e cortado como se cortava cabelo aos loucos, e o custo disto o havia sufragado o bom bispo Bonner de seu próprio bolso. Mas quando o povo viu seu reverendo e ancião rosto, com uma longa barba branca, prorromperam todos em lágrimas, chorando e clamando: "Deus te salve, bem doutor Taylor! Que Jesus Cristo te fortaleça e te ajude! Que o Espírito Santo te conforte!" e outros bons desejos parecidos.
Depois de orar foi até a estaca e a beijou, e entrou num barril de breu que tinham colocado para que entrasse nele, e ficou de pé dando-lhe as costas à estaca, com as mãos pregadas juntas, e os olhos no céu, e orando de contínuo.
Depois o amarraram com correntes, e tendo colocado a lenha, um chamado Warwick lhe lançou cruelmente um feixe de lenha acima, que o bateu na cabeça e lhe cortou o rosto, de modo que manou sangue. Então o doutor Taylor lhe disse: "Amigo, já tenho suficiente dano, para que isto?"
Sir John Shelton estava perto enquanto o doutor Taylor falava, e ao dizer o Salmo Miserere em inglês, lhe bateu nos lábios: "Velhaco", lhe disse, "fala em latim: te obrigarei". Afinal acenderam o fogo, e o doutor Taylor, alçando ambas mãos e clamando a Deus, disse: "Misericordioso Pai do céu! Por causa de Jesus Cristo, meu Salvador, recebe minha alma em tuas mãos!". Assim permaneceu então sem gritar nem mexer-se, com as mãos juntas, até que Soyce o feriu na cabeça com uma lança até derramar-se-lhe os miolos, e o cadáver caiu dentro do fogo.
Assim entregou este homem de Deus sua bendita alma em mãos de seu misericordioso Pai, e a seu armadíssimo Salvador Jesus Cristo, a quem amou tão completamente, e tinha predicado tão fiel e fervorosamente seguindo-o com obediência em sua vida, e glorificando-o constantemente em sua morte.

O martírio de William Hunter
William Hunter tinha sido instruído nas doutrinas da Reforma desde sua mais tenra infância, descendendo de pais religiosos que o instruíram com solicitude nos princípios da verdadeira religião.
Hunter, que tinha então dezenove anos, recusou receber a comunhão na missa, e foi ameaçado com ser levado diante do bispo, ante quem este valoroso jovem mártir foi conduzido por um policia.
Bonner fez levar a William a uma sala, e ali começou a arrazoar com ele, prometendo-lhe seguridade e perdão se se desdizia. Inclusive se teria contentando com que somente recebesse a comunhão e a confissão, porém William não estava disposto a isso nem por nada do mundo.
Portanto, o bispo ordenou a seus homens que colocassem a William no cepo em sua casa, na porta, onde ficou dois dias e duas noites, com somente a casca de um pão negro e um copo de água, que ele nem tocou.
Ao finalizar estes dois dias, o bispo foi até ele e, achando-o firme em sua fé, o enviou à prisão dos convictos, ordenando ao carcereiro que o carregasse com tantas correntes como pudesse levar. Ficou em prisão por nove meses, durante os quais compareceu cinco vezes ante o bispo, além de uma ocasião na que foi condenado no consistório de são Paulo, o 9 de fevereiro, ocasião na que esteve presente seu irmão Robert Hunter.
Então o bispo chamou a William, e lhe perguntou se estava disposto a retratar-se, e ao ver que permanecia inabalável, pronunciou sentença contra ele de que devia ir desde aquele lugar a Newgate por um tempo, e depois a Brentwood, para ser ali queimado.
Após um mês, William foi enviado a Brentwood, onde seria executado. Ao chegar à estaca, se ajoelhou e leu o Salmo 51, até que chegou a estas palavras: "Os sacrifícios de Deus são o espírito quebrantado: ao coração contrito e humilhado não desprezarás Tu, oh, Deus". Firme em recusar o perdão da rainha se apostatava, finalmente um xerife chamado Richard Ponde acudiu e o amarrou com uma corrente em sua volta.
William lançou agora seu saltério em mãos de seu irmão, quem lhe disse: "William medita na santa paixão de Cristo, e não temas a morte". "Eis aqui", respondeu William, "não tenho medo". Depois alçou suas mãos ao céu, e disse: "Senhor, Senhor, Senhor, recebe meu espírito!", e inclinando a cabeça para a asfixiante fumaça, entregou sua vida, selando-a com seu sangue para louvor de Deus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário