GÊNESIS 1:1 - Como o universo pode ter tido um "princípio", se a ciência moderna diz que a energia é eterna?
PROBLEMA: De acordo com a Primeira Lei da Termodinâmica: "a energia não pode ser criada, nem destruída". Sendo assim, então, o universo é eterno, já que ele é feito de energia, que é indestrutível. Entretanto, a Bíblia indica que o universo teve um "princípio" e que não existia antes de Deus o ter criado (Gn 1:1). Não é isto uma contradição entre a Bíblia e a ciência?
SOLUÇÃO: Há um conflito de opiniões aqui, mas na realidade não há contradição alguma. A evidência dos fatos indica que o universo não é eterno, mas que realmente teve um princípio, tal como a Bíblia diz. Algumas observações são relevantes para entendermos esta questão.
Em primeiro lugar, a Primeira Lei da Termodinâmica, com freqüência, é incorretamente enunciada com a expressão: "a energia não pode ser criada". Entretanto, a ciência baseia-se na observação, e afirmações como esta - que diz que a energia não pode ser criada - não se baseiam na observação (como qualquer afirmação que use "pode" ou "não pode"), mas são afirmações dogmáticas. A Primeira Lei da Termodinâmica deveria ser corretamente enunciada da seguinte maneira: "[Até o ponto em que se pode observar] o total de energia presente no universo permanece constante". Ou seja, pelo que se sabe, a quantidade total de energia presente no universo não está diminuindo nem aumentando. Posto desta forma, a Primeira Lei não faz referência alguma quanto à origem da energia nem quanto ao tempo em que ela está presente no universo. Assim, ela não contradiz a declaração de Gênesis de que Deus criou o universo.
Em segundo lugar, outra lei científica perfeitamente aceita é a Segunda Lei da Termodinâmica. Ela afirma que "o total da energia utilizável no universo está diminuindo". De acordo com esta lei, o universo está decaindo. Sua energia está sendo transformada em calor, que não é utilizável. Sendo assim, o universo não é eterno, porque, se o fosse, a sua energia utilizável já se teria esgotado há muito tempo. Ou, em outras palavras, se o universo está se desfazendo (tendo a sua energia degradada), então houve um tempo em que toda a energia foi feita. Se houvesse uma quantidade infinita de energia, ela não estaria decaindo no universo. Portanto, o universo teve um princípio, tal como Gênesis 1:1 diz.
GÊNESIS 1:1 - Como o autor de Gênesis podia saber o que aconteceu na criação, antes mesmo de ele haver sido criado?
PROBLEMA: A erudição tradicional cristã tem sustentado que os cinco primeiros livros da Bíblia foram escritos por Moisés. Os primeiros dois capítulos do livro de Gênesis descrevem os eventos da criação sob o enfoque de uma testemunha ocular. Entretanto, como poderia Moisés, ou qualquer outro ser humano, ter escrito esses capítulos, como observador desses fatos se ele não havia sido criado ainda?
SOLUÇÃO: É claro que houve uma testemunha ocular da criação - Deus, o Criador. Estes capítulos, obviamente, são um registro da criação, que foi especificamente relatada por Deus a Moisés, por meio de uma revelação especial. A tendência para se fazer perguntas tais como: "Como o cronista poderia saber que os minerais precederam as plantas o estas, os animais?", denuncia um preconceito contra o sobrenatural e uma recusa a considerar explicações alternativas, que não as propostas pela ciência naturalística.
GÊNESIS 1:14 - Como poderia haver luz antes de o sol ter sido criado?
PROBLEMA: O sol foi criado somente no quarto dia, contudo já havia luz no primeiro dia (1:3).
SOLUÇÃO: O sol não é a única fonte de luz no universo. Além disso, é possível que ele já existisse desde o primeiro dia, tendo somente aparecido ou se feito visível (com a dissipação da neblina) no quarto dia. Vemos luz num dia nublado, mesmo quando não nos é possível ver o sol.
GÊNESIS 1:26 - Por que a Bíblia usa o plural da primeira pessoa, quando Deus se refere a si mesmo?
PROBLEMA: Os eruditos cristãos e judeus afirmam que Deus é um só. Com efeito, a histórica confissão de fé de Israel é tirada de Deuteronômio 6:4, que diz: "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor". Entretanto, se Deus é um só, por que este versículo em Gênesis traz o plural da primeira pessoa?
SOLUÇÃO: Têm sido dadas muitas explicações no decorrer da história. Alguns comentaristas dizem que esse foi meramente um caso em que Deus estava se referindo aos anjos, Mas isto é improvável, já que no versículo 26 ele diz: "Façamos o homem à nossa imagem" e que o versículo 27 esclarece: "criou Deus... o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou", não à imagem dos anjos.
Outros têm declarado que o plural refere-se à Trindade. No NT (por exemplo, Jo 1:1) está claro que o Filho estava envolvido na criação dos céus e da terra. Gênesis 1:2 indica ainda que o Espírito Santo também estava envolvido no processo da criação. Entretanto, estudantes da gramática hebraica destacam que o plural é requerido simplesmente porque a palavra empregada no original para "Deus" é elohim, que é uma palavra no plural ("Também disse Deus [elohim, no plural]: 'Façamos [no plural] o homem à nossa [no plural] imagem' "). Conseqüentemente, argumentam eles, esta afirmativa não pode ser usada para provar a doutrina da Trindade.
Ainda outros têm afirmado que o plural é empregado como uma figura de linguagem, chamada plural majestático. Com este emprego, Deus estaria falando a seu respeito de maneira a indicar que todo o seu poder e sabedoria majestáticos estariam envolvidos na criação do homem.
Como foi observado, o uso do plural é feito em concordância com a palavra hebraica elohim (no plural), a qual é traduzida por "Deus". O fato de o substantivo "Deus" ser plural no hebraico não quer dizer que haja mais de um Deus, ou que seja uma referência a Deus como sendo um grupo de astronautas extraterrestres. Há um grande número de passagens no NT que se referem a Deus com o substantivo grego correspondente theos, que é uma palavra singular e também é traduzido como "Deus" (Mc 13:19; Jo 1:1; Ef 3:9; etc).
O plural da palavra hebraica propicia um sentido mais abrangente, mais majestático ao nome de Deus. Convém observar, entretanto, que o NT ensina com clareza que Deus é uma Trindade (Mt 3:16-17; 2 Co 13:13; 1 Pe 1:2) e, embora a doutrina da Trindade não seja completamente desenvolvida no AT, ela é vislumbrada em muitas passagens (cf. SI 110:1; Is 63:7,9-10; Pv 30:4).
GÊNESIS 1:27 - Adão e Eva foram pessoas reais, ou apenas um mito?
PROBLEMA: Muitos eruditos modernos consideram os primeiros capítulos de Gênesis como um mito, e não os tomam como históricos. Mas a Bíblia parece apresentar Adão e Eva como pessoas reais, que tiveram filhos, dos quais todo o restante da humanidade proveio (cf. Gn 5:lss).
SOLUÇÃO: Há uma boa evidência para crermos que Adão e Eva tenham sido pessoas reais. Primeiro, Gênesis 1-2 apresenta-os como pessoas reais, e até mesmo narra os importantes acontecimentos de suas vidas (o que é histórico). Segundo, eles tiveram filhos que foram pessoas reais, que também tiveram filhos reais (Gn 4:1,25; 5:1ss),
Terceiro, a mesma frase ("são estas as gerações de") usada para registrar dados históricos posteriores em Gênesis (6:9; 9:12; 10:1, 32; 11:10, 27; 17:7, 9) é empregada com respeito a Adão e Eva (Gn 5:1).
Quarto, cronologias posteriores do AT colocam Adão no topo da lista (1 Cr 1:1).
Quinto, o NT põe Adão no início da lista dos antecedentes de Jesus (Lc 3:38). Sexto, Jesus referiu-se a Adão e Eva como os primeiros "macho e fêmea", fazendo da união física deles a base do casamento (Mt 19:4). Sétimo, Romanos declara que a morte literalmente reinou no mundo trazida por um "Adão" literal (Rm 5:14). Oitavo, a comparação entre Adão (o "primeiro Adão") e Cristo (o "último Adão") em 1 Coríntios 15:45 manifesta que Adão é tomado literalmente como uma pessoa histórica. Nono, a declaração de Paulo de que "primeiro foi formado Adão, depois Eva" (1 Tm 2:13) revela que ele fala de uma pessoa real.
Décimo, é lógico que teve de haver um primeiro casal real de seres humanos, macho e fêmea, pois, caso contrário, a raça humana não teria como começar a existir. A Bíblia chama a esse casal, que de fato existiu, de "Adão e Eva", e não há por que duvidar de sua real existência.
GÊNESIS 2:1 - Como o mundo pôde ser criado em seis dias?
PROBLEMA: A Bíblia diz que Deus criou o mundo em seis dias (Êx 20:11). Mas a ciência moderna declara que isso levou bilhões de anos. As duas posições não podem ser verdadeiras.
SOLUÇÃO: Há basicamente duas maneiras para superar esta dificuldade.
Primeiro, alguns eruditos argumentam que a ciência moderna não está certa. Insistem em dizer que o universo tem apenas alguns milhares de anos e que Deus criou todas as coisas em seis dias literais (6 dias de 24 horas, ou seja, 144 horas). Para sustentar esta posição, eles apresentam os seguintes pontos:
1. Cada dia do Gênesis tem "tarde e manhã" (cf. Gn 1:5,8,19,23,31), o que é próprio do dia de 24 horas na Bíblia.
2. Os dias foram numerados (primeiro dia, segundo dia, terceiro dia etc), uma característica peculiar dos dias de 24 horas na Bíblia.
3. Êxodo 20:11 compara os seis dias da criação com os seis dias de uma semana (literal) de trabalho de 144 horas.
4. Há evidência científica que suporta uma idade jovem (de milhares de anos) para a Terra.
5. Não haveria como a vida sobreviver milhões de anos do dia três (1; 11) ao dia quatro (1:14) sem lua.
Outros eruditos da Bíblia afirmam que o universo pode ter bilhões de anos, sem que com isso se esteja sacrificando um entendimento literal de Gênesis 1 e 2. Argumentam que:
1. Os dias de Gênesis 1 podem ter tido um período de tempo antes da contagem dos dias (antes de Gênesis 1:3), ou um intervalo de tempo entre os dias. Há intervalos em outras partes da Bíblia (como em Mateus 1:8, onde três gerações são omitidas, em comparação com 1 Crônicas 3:11-14).
2. A mesma palavra hebraica para "dia" (yom) é empregada em Gênesis 1 e 2 como um período de tempo maior que 24 horas. Por exemplo, Gênesis 2:4 faz uso desta palavra no sentido do período total da criação de seis dias.
3. Às vezes a Bíblia emprega a palavra "dia" para longos períodos de tempo: "Um dia é como mil anos" (2 Pe 3:8; cf. SI 90:4).
4. Há alguns indícios em Gênesis 1 e 2 de que os dias poderiam ser períodos maiores que 24 horas:
a) No terceiro "dia" as árvores cresceram da semente à maturidade, e produziram semente segundo a sua espécie (1:11-12). Esse processo normalmente leva meses ou anos.
b) No sexto "dia" Adão foi criado, foi dormir, deu nome a todos os (milhares de) animais, procurou por companhia, foi dormir, e Eva foi criada de sua costela. Tudo isso parece exigir um tempo bem maior que 24 horas.
c) A Bíblia diz que Deus "descansou" no sétimo dia (2:2), e que ele ainda está no seu descanso da criação (Hb 4:4). Assim, o sétimo dia já tem tido uma duração de milhares de anos. Dessa forma, os outros dias bem que poderiam ter tido milhares de anos também.
5. Êxodo 20:11 pode estar fazendo simplesmente uma comparação de unidade por unidade dos dias de Gênesis com uma semana de trabalho (de 144 horas), e não uma comparação minuto a minuto.
Conclusão: Não se demonstra contradição alguma em fatos, entre Gênesis 1 e a ciência. Há apenas um conflito de interpretações. Ou os cientistas de hoje em sua maioria estão errados ao insistirem que o mundo tem bilhões de anos, ou então alguns dos intérpretes da Bíblia estão equivocados ao insistirem em dizer que foram apenas 144 horas que durou a criação, ocorrida há alguns milhares de anos antes de Cristo, sem intervalos de tempo correspondentes a milhões de anos. Mas, em qualquer dos casos, não se trata de uma questão de inspiração das Escrituras, mas de sua interpretação (em relação a dados científicos).
GÊNESIS 2:4 - Por que neste capítulo usa-se a expressão "Senhor Deus" em lugar de "Deus", como no capítulo 1?
PROBLEMA: Muitos críticos insistem em dizer que Gênesis 2 certamente não foi escrito pela mesma pessoa que escreveu Gênesis 1, já que Gênesis 2 usa um nome diferente para Deus. Entretanto, os eruditos conservadores sempre asseveraram que foi Moisés quem escreveu Gênesis, e isso tanto por parte de estudiosos judeus como cristãos, por todos esses séculos. De fato, os cinco primeiros livros do AT são chamados de "Livro de Moisés" (2 Cr 25:4) ou "Lei de Moisés" (Lc 24:44), tanto por escritores do AT como do NT.
SOLUÇÃO: Foi Moisés quem de fato escreveu os cinco primeiros livros do AT (veja os comentários de Êxodo 24:4). O emprego de uma forma diferente para referir-se a Deus no segundo capítulo de Gênesis não prova que tenha sido um autor diferente quem o escreveu; isto simplesmente mostra que o mesmo autor tinha um propósito diferente (veja os comentários de Gênesis 2:19). No capítulo 1, Deus é o Criador, ao passo que no capítulo 2 ele é o Comunicador. Primeiro, o homem é visto em sua relação com o Criador (daí o uso de "Deus" ou elohim, o todo-poderoso). Em seguida, Deus é visto como aquele que faz alianças, e daí o emprego de "Senhor Deus", o Único que faz alianças com o homem. Deus é mencionado com diferentes nomes de forma a designar diferentes aspectos do seu relacionamento com o homem (veja Gn 15:1; Êx 6:3).
GÊNESIS 2:8 - O jardim do Éden foi um lugar real ou apenas um mito?
PROBLEMA: A Bíblia declara que "plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na banda do Oriente" (Gn 2:8), mas não há evidência arqueológica de que tal lugar tenha existido. Será apenas um mito?
SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, não seria de se esperar evidência arqueológica alguma, uma vez que não há indicação de que Adão e Eva tenham feito objetos de cerâmica ou construído edificações duradouras. Em segundo lugar, há uma evidência geográfica do Éden, já que dois dos rios mencionados ainda existem hoje - o Tigre (Hiddekel) e o Eufrates (Gn 2:14). Além disso, a Bíblia até mesmo os localiza na "Assíria" (v. 14), atual Iraque. Finalmente qualquer evidência que tenha havida do Jardim do Éden (Gn 2-3) foi provavelmente destruída por Deus por ocasião do dilúvio (Gn 6-9).
GÊNESIS 2:17 - Por que Adão não morreu no dia em que comeu do fruto proibido, como Deus dissera que aconteceria?
PROBLEMA: Deus disse a Adão, com respeito à árvore proibida: "no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2:17). Mas depois que pecou, Adão viveu até a idade de 930 anos (Gn 5:5).
SOLUÇÃO: A palavra "dia" (yom) nem sempre significa um dia de 24 horas. "Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem" (SI 90:4; cf. 2 Pe 3:8). Assim realmente, Adão morreu dentro de um "dia", neste sentido. Ainda, Adão começou a morrer fisicamente no exato momento em que pecou (Rm 5:12), e ele morreu também espiritualmente naquele preciso instante em que pecou (Ef 2:1). Portanto Adão morreu de diversas formas, cumprindo assim o pronunciamento de Deus (em Gn 2:17).
GÊNESIS 2:19 - Como podemos explicar a diferença que há na seqüência dos atos da criação, em Gênesis 1 e 2?
PROBLEMA: Gênesis 1 declara que os animais foram criados antes do homem, mas Gênesis 2:19 parece reverter a ordem, ao dizer: "Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais do campo..., trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria". Isso pode dar a entender que Adão tinha sido criado antes dos animais.
SOLUÇÃO: Gênesis 1 dá a seqüência dos eventos; Gênesis 2 fornece mais informações a respeito deles. O capítulo 2 não contradiz o capítulo 1, porque não afirma exatamente quando foi que Deus criou os animais. Simplesmente diz que ele trouxe os animais (que anteriormente criara) a Adão para que este lhes desse nome. O ponto principal no capítulo 2 é a ação de dar nome aos animais, não a de criá-los. Gênesis 1 delineia, de forma geral, os eventos, e o capítulo 2 nos fornece detalhes. Tomados juntos, os dois capítulos formam um quadro harmonioso e mais completo dos atos da criação. As diferenças, então, podem ser resumidas da seguinte maneira:
GÊNESIS 1 | GÊNESIS 2 |
Ordem cronológica | Criação dos animais |
Visão Geral | Detalhes |
Ordem de tópicos | Nomeação dos animais |
GÊNESIS 3:5 - O homem foi feito como Deus ou tornou-se como Deus?
PROBLEMA: Gênesis 1:27 diz que "criou Deus... o homem à sua imagem". Mas em Gênesis 3:22, Deus diz: "O homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal". O primeiro versículo dá a entender que o ser humano foi criado como Deus é, e o segundo parece afirmar que ele tornou-se igual a Deus.
SOLUÇÃO: Estas duas passagens estão abordando duas coisas diferentes. Gênesis 1 está falando de uma virtude humana por criação, ao passo que Gênesis 3 está se referindo ao que o homem obteve por aquisição. A primeira passagem refere-se a Adão e Eva antes da queda, e a segunda refere-se a eles depois da queda. A primeira tem que ver com a natureza deles e a segunda, com o seu estado. Pela criação Adão não era conhecedor do bem e do mal. Uma vez tendo pecado, porém, ele conheceu o bem e o mal. Quando essas diferenças são compreendidas, não há conflito algum.
GÊNESIS 3:8 - Como Adão e Eva poderiam sair da presença de Deus, sendo Deus onipresente?
PROBLEMA: A Bíblia diz que Deus está em todo lugar ao mesmo tempo, isto é, que ele é onipresente (Sl 139:7-10; Jr 23:23). Mas, já que Deus está em toda parte, então como Adão e Eva puderam esconder-se "da presença do Senhor Deus"?
SOLUÇÃO: Este versículo não está abordando a onipresença de Deus, mas está falando de uma visível manifestação dele (cf. v. 24). Deus está em toda parte em sua onipresença, mas ele se manifesta de tempos em tempos, em certos lugares e por certos meios, tais como uma sarça ardente (Êx 3), uma coluna de fogo (Êx 13:21), fumaça no templo (Is 6) e assim por diante. É nesse sentido restrito que alguém pode sair "da presença do Senhor Deus".
GÊNESIS 4:5 - Deus faz acepção de certas pessoas?
PROBLEMA: Nas Escrituras, Deus é apresentado como alguém para quem "não há acepção de pessoas" (Rm 2:11), e como quem "não faz acepção de pessoas" (Dt 10:17). Contudo, a Bíblia nos diz que "de Caim e de sua oferta [Deus] não se agradou" (Gn 4:5), o que parece uma contradição.
SOLUÇÃO: Antes de mais nada, Deus não faz acepção alguma de quem quer que seja, respeitando cada um pelo que é, por ser uma criatura feita à sua imagem e semelhança (Gn 1:27). Não fosse assim, ele estaria desrespeitando a si próprio. Quando a Bíblia diz que Deus não faz acepção de pessoas, ela quer dizer que ele não demonstra parcialidade alguma na aplicação da sua justiça. Como diz Deuteronômio 10, Deus "não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno" (v. 1.7). Em outras palavras, Deus é completamente justo e imparcial em seus procedimentos.
Entretanto, há um sentido em que Deus discrimina algumas pessoas, por causa de seus atos perversos. Ele não se agradou de Caim e de sua oferta (Gn 4:5) porque ela não foi oferecida com fé (Hb 11:4). A Bíblia fala ainda que Deus aborreceu Esaú (Ml 1:3) e odiou a obra dos nicolaítas (Ap 2:6), não por causa da pessoa ou das pessoas, mas por causa dos atos delas. Como João disse aos crentes de Éfeso, eles deveriam odiar "as obras dos nicolaítas"(Ap 2:6). Deus ama o pecador, mas odeia o pecado.
GÊNESIS 4:12-13 - Por que Caim não sofreu a pena capital (de morte) pelo assassinato que cometeu?
PROBLEMA: No AT, os assassinos recebiam a pena capital pelo seu crime (Gn 9:6; Êx 21:12). Contudo, Caim não somente saiu livre, depois de matar seu irmão, como também foi protegido de qualquer vingança (Gn4:15).
SOLUÇÃO: Há várias razões pelas quais Caim não foi executado pelo seu crime capital. Primeiro, Deus não havia ainda estabelecido a pena de morte como instrumento do governo humano (cf. Rm 13:1-4). Somente depois de a violência ter enchido toda a terra, nos dias anteriores ao dilúvio, foi que Deus determinou: "Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem" (Gn 9:6).
Segundo, quem seria o executor de Caim? Ele acabara de matar Abel. A essa altura, apenas Adão e Eva tinham restado. Certamente Deus não iria apelar aos pais para que matassem o filho remanescente. Em face disso, Deus, que é soberano sobre a vida e a morte, como somente ele é (Dt 32:39), pessoalmente comutou a pena de morte de Caim. Entretanto, ao agir assim, Deus demonstrou a gravidade do pecado de Caim e deu-nos a entender que ele era digno de morte, ao declarar: "A voz do sangue de teu irmão clama [por vingança] da terra a mim" (v. 10). Não obstante, até mesmo Caim parece ter reconhecido que ele era merecedor da morte, e pediu proteção a Deus (v. 14).
Finalmente, a promessa de Deus para proteger Caim da vingança incluía a pena capital para quem quer que tomasse a vida dele (cf. v. 15). Dessa forma, o caso de Caim é uma exceção que prova a regra, e que de forma alguma vai de encontro à pena de morte, tal como estabelecida por Deus (veja os comentários de João 8:3-11).
GÊNESIS 4:17 - Como foi que Caim conseguiu uma esposa?
PROBLEMA: Não havia mulheres com quem Caim se casasse. Havia apenas Adão, Eva (4:1) e seu irmão morto, Abel (4:8). Contudo, a Bíblia diz que Caim casou-se e teve filhos.
SOLUÇÃO: Caim casou-se com uma irmã (ou talvez com uma sobrinha). A Bíblia diz que Adão "teve filhos e filhas" (Gn 5:4). Com efeito, como Adão viveu 930 anos (Gn 5:5), ele teve muito tempo para ter muitos filhos e filhas! Caim pode ter se casado com uma de suas muitas irmãs ou, quem sabe, com uma sobrinha, se quando se casou seus irmãos e irmãs já tivessem filhas crescidas. Neste caso, obviamente, um de seus irmãos teria se casado com uma irmã.
GÊNESIS 4:17- Como Caim pôde casar-se com uma mulher de seu parentesco, sem cometer incesto?
PROBLEMA: Se Caim casou-se com uma irmã, isso é incesto, o que a Bíblia condena (Lv 18:6). Além disso, casamentos incestuosos com freqüência geram filhos geneticamente defeituosos.
SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, não havia imperfeições genéticas no começo da raça humana. Deus criou um homem (Adão) geneticamente perfeito (Gn 1:27). Os defeitos genéticos resultaram da queda e somente ocorreram com o passar de longos períodos de tempo.
Em segundo lugar, nos dias de Caim não havia mandamento de Deus para que não se casassem com um parente próximo. Este mandamento (Lv 18) veio milhares de anos depois, nos dias de Moisés (cerca de 1500 a.C).
Finalmente, já que a raça humana começou com um casal único (Adão e Eva), Caim não teria com quem se casar, a não ser com alguém de parentesco bem próximo, do sexo feminino (uma irmã ou sobrinha).
GÊNESIS 4:19 - A Bíblia aprova a poligamia?
(Veja os comentários de 1 Reis 11:1.)
GÊNESIS 4:26 - O culto a Deus começou aqui, ou foi antes?
PROBLEMA: De acordo com este versículo - "daí se começou a invocar o nome do Senhor" -, se depreende que, até os dias de Enos, filho do terceiro filho de Adão e Eva, Deus não era cultuado. Contudo, bem antes desse tampo o primeiro filho de Adão, Abel, trouxe um sacrifício ao Senhor, que foi aceito (Gn:4:3-4).
SOLUÇÃO: O significado de "invocar o nome do Senhor" (em Gn 4:26) não está muito claro. E o que não está muito claro não pode ser tomado para contradizer o que está claro, a saber, que Abel cultuou a Deus antes de Enos. É possível que "invocar o nome do Senhor" seja uma referência a um culto ao Senhor feito de forma regular, com maior solenidade, e, ou, um culto público, ou ainda uma referência à oração (cf. Rm 10:13), que não era praticada anteriormente.
De qualquer forma, não há contradição alguma aqui, pois, antes desse tempo, não é dito que Abel ou algum outro "invocou o nome do Senhor" - qualquer que seja o significado dessa frase.
GÊNESIS 5:1ss - Como podemos conciliar esta cronologia (que vai até cerca de 4.000 anos a.C.) com a antropologia, que tem demonstrado que a humanidade é muito mais velha?
PROBLEMA: Se as idades mencionadas em Gênesis 5 e 10 foram somadas ao restante das datas do AT, o resultado será cerca de um pouco mais de 4.000 anos a.C. Mas os arqueólogos e antropólogos datam o homem de milhares de anos antes (pelo menos 10.000 anos).
SOLUÇÃO: Há uma boa evidência que sustenta a crença de que a humanidade tenha mais de 6.000 anos. Mas há também boas razões para se crer que há algumas lacunas nas genealogias de Gênesis. Primeiro, sabemos que há uma lacuna na genealogia do livro de Mateus, quando diz "Jorão, [gerou] a Uzias" (Mt 1:8). Mas, em comparação com 1 Crônicas 3:11-14, vemos que Mateus deixa fora três gerações (Acazias, Joás e Amazias), como segue:
Mateus | 1 Crônicas |
Jorão | Jorão |
- | Acazias |
- | Joás |
- | Amazias |
Uzias | Uzias (também chamado Azarias) |
Segundo, falta pelo menos uma geração na genealogia de Gênesis. Lucas 3:36 menciona "Cainã" entre Arfaxade e Sala, mas o nome Cainã não aparece nessa ordem no registro de Gênesis (veja Gn 10:22-24). É melhor vermos Gênesis 5 e 10 como genealogias adequadas, não como cronologias completas.
Finalmente, pelo fato de se saber que há lacunas nas genealogias, não podemos determinar acuradamente a idade da raça humana simplesmente pela adição dos números de Gênesis 5 e 10.
GÊNESIS 5:5 - Como podia alguém viver mais de 900 anos?
PROBLEMA: "Os dias todos da vida de Adão foram novecentos e trinta anos" (Gn 5:5); Matusalém viveu "novecentos e sessenta e nove anos" (Gn 5:27); e a média da idade dos que tiveram uma vida normal foi superior a 900 anos. Contudo, a própria Bíblia reconhece que a maioria das pessoas chega até os 70 ou 80 anos, quando ocorre sua morte natural (Sl 90:10).
SOLUÇÃO: Antes de mais nada, a referência no Salmo 90 é ao tempo de Moisés (1400 a.C.) e ao tempo posterior, quando a longevidade tinha decrescido para 70 ou 80 anos para a maioria, embora o próprio Moisés tenha vivido 120 anos (Dt 34:7).
Alguns sugerem que aqueles "anos" seriam realmente apenas meses, o que reduziria 900 anos ao período normal de vida de 80 anos. Entretanto, isso não é plausível por duas razões. A primeira é que não há precedente algum no AT que tome a palavra "ano" com o sentido de "mês". A segunda é que, como Maalaleel gerou um filho com a idade de 65 anos (Gn 5:15) e Cainã, aos 70 anos (Gn 5:12), isso significaria que eles estariam com menos de seis anos de idade ao terem filhos, o que é biologicamente impossível.
Outros sugerem que esses nomes representam linhas de famílias ou clãs que se mantiveram por gerações antes de terminarem. Entretanto, isso não faz sentido, por vários motivos. Primeiro, alguns desses nomes (como por exemplo Adão, Sete, Enoque, Noé) são de indivíduos cujas vidas foram narradas no texto (Gênesis 1-9). Segundo, linhas familiares não "geram" linhas familiares com nomes diferentes. Terceiro, linhas familiares não "morrem", como aconteceu com cada um daqueles indivíduos (cf. 5:5,8,11 etc). Quarto, a referência a ter "filhos e filhas"(5:4) não é compatível com essa teoria de clãs.
Conseqüentemente, tudo indica que o melhor é considerarmos serem anos mesmo (embora fossem anos lunares de 12x30=360 dias), e isso por diversas razões: (1) Antes de mais nada, posteriormente a vida foi reduzida a 120 anos como uma punição dada por Deus (Gn 6:3). (2) Depois do dilúvio, a duração da vida foi diminuindo gradativamente dos 900 anos (Gn 5) para os 600 (Sem: Gn 11:10-11), para os 400 (Sala: Gn 11:14-15), para os 200 (Reú: Gn 11:20-21). (3) Biologicamente, não há razão por que o homem não possa ter vivido centenas de anos. Os cientistas lutam muito mais para resolver o problema do envelhecimento e da morte do que o da longevidade. (4) A Bíblia não é a única a falar de centenas de anos como idade dos antigos. Há também registros do grego antigo e das eras egípcias que fazem menção a isso.
GÊNESIS 6:2 - Os "filhos de Deus" eram anjos que se casaram com mulheres?
PROBLEMA: A expressão "filhos de Deus" no AT é empregada exclusivamente referindo-se a anjos (Jó 1:6; 2:1; 38:7). Entretanto, o NT nos informa que os anjos "nem casam, nem se dão em casamento" (Mt 22:30). Além disso, se os anjos se casassem com seres humanos, os filhos deles seriam meio humanos, meio anjos. Mas os anjos não podem ser redimidos(Hb 2:14-16; 2 Pe 2:4; Jd 6).
SOLUÇÃO: Várias são as interpretações possíveis, no lugar de insistir em que anjos tenham coabitado com seres humanos.
Alguns eruditos bíblicos crêem que a expressão "filhos de Deus" seja uma referência à linhagem piedosa de Sete (através da qual viria o redentor - Gn 4:26), que se entremeou com a linha ímpia de Caim. Eles alegam que: (a) isso se coaduna com o contexto imediato; (b) evita todo o problema decorrente da interpretação de que eram anjos; (c) está de acordo com o fato de que os seres humanos também são mencionados no AT como "filhos" de Deus (Is 43:6).
Outros estudiosos acreditam que "filhos de Deus" seja uma referência a grandes homens, a "varões de renome na antigüidade". Apontam para o fato de que o texto refere-se a "gigantes" e "valentes" (v. 4). Ainda, isso evita o problema de os anjos (espíritos) coabitarem com seres humanos.
Outros ainda combinam estas interpretações e especulam que os "filhos de Deus" eram anjos que "não guardaram o seu estado original" (Jd 6) e que na realidade possuíram seres humanos, levando-os a um cruzamento com "as filhas dos homens", produzindo assim uma raça superior, cuja semente foram os "gigantes" e os "varões de renome". Esta posição parece explicar todos os pontos, exceto o problema insuperável de os anjos, não tendo corpos (Hb 1:14) e sendo assexuados, coabitarem com seres humanos.
GÊNESIS 6:3 - Há aqui uma contradição com o que Moisés disse no Salmo 90, a respeito da duração da vida humana?
PROBLEMA: O texto de Gênesis 6:3 parece indicar que a longevidade humana após o dilúvio seria de, no máximo, "cento e vinte anos". Contudo, no Salmo 90, Moisés a considerou ser de 70 ou 80 anos, no máximo (v. 10).
SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, não é de todo certo que Gênesis 6:3 esteja se referindo à longevidade humana. Pode ser que esteja falando de quantos anos ainda faltavam até que o dilúvio ocorresse.
Segundo, mesmo que de fato seja uma antevisão da duração da vida dos homens, isso não contradiz a posterior referência a 70 ou 80 anos, por duas razões: primeiro, o texto se refere a um período anterior, quando as pessoas ainda viviam mais tempo (o próprio Moisés viveu 120 anos, conforme Deuteronômio 34:7); segundo, os 70 ou 80 anos provavelmente não seriam um limite superior absoluto, mas simplesmente uma referência à média das idades das pessoas que morrem na velhice.
GÊNESIS 6:6 - Por que Deus estava insatisfeito com o que ele tinha feito?
PROBLEMA: Em Gênesis 1:31, Deus estava plenamente satisfeito com o que acabara de fazer, declarando que tudo "era muito bom". Mas, em Gênesis 6:6, ele declara que "se arrependeu... de ter feito o homem na terra". Como estas duas afirmativas podem ser verdadeiras?
SOLUÇÃO: Estes versículos se referem à humanidade em tempos diferentes e sob diferentes condições. O primeiro enfoca os seres humanos em seu estado original de criação. O segundo refere-se à humanidade depois da queda e logo antes do dilúvio. Deus se agradou com o que criou, mas não teve prazer algum com o que o pecado fez em sua perfeita criação.
GÊNESIS 6:14ss - Como é que na relativamente pequena arca de Noé couberam centenas de milhares de espécies?
PROBLEMA: A Bíblia diz que a arca de Noé tinha apenas 137 metros de comprimento, por 23 de largura e 14 de altura (Gn 6:15). Noé recebeu a instrução de colocar nela um casal de cada espécie de animal imundo e sete casais de animais puros (6:19; 7:2). Mas os cientistas nos informam de que há de meio bilhão a um bilhão ou mais de espécies de animais.
SOLUÇÃO: Primeiro, o conceito moderno de "espécie" não é o mesmo da Bíblia. No sentido bíblico, provavelmente sejam apenas algumas centenas de "espécies" diferentes de animais terrestres que teriam de ser levados para a arca. Os animais marinhos permaneceram no mar, e muitas outras espécies poderiam sobreviver na forma de ovos.
Segundo, a arca não era assim tão pequena; ela tinha uma enorme estrutura - a dimensão de um moderno transatlântico. Além disso, ela tinha três andares (6:16), o que triplicava seu espaço a um total de 425.000 metros cúbicos!
Terceiro, Noé pode ter levado filhotes ou variedades menores de alguns dos animais de maior porte. Levando em conta todos esses fatores, havia espaço suficiente para todos os animais, para o alimento para a viagem e para os oito seres humanos a bordo.
GÊNESIS 6:14ss - Como é que uma arca feita de madeira poderia resistir a um dilúvio tão violento?
PROBLEMA: A arca tinha sido construída apenas de madeira, e levava uma pesada carga. Um dilúvio de âmbito mundial produz violentas correntezas, que teriam quebrado a arca totalmente (cf. Gn 7:4,11).
SOLUÇÃO: Primeiro, a arca foi feita de um material resistente e flexível (cipreste, cf. Gn 6:14), uma madeira que "cede" sem se rachar. Segundo, a carga penada foi um ponto positivo, por lhe dar certa estabilidade. Terceiro, os arquitetos navais informam-nos de que a forma construtiva da arca, semelhante a uma caixa comprida, é uma forma que dá estabilidade e resistência a águas turbulentas. Na verdade, os transatlânticos modernos seguem basicamente as mesmas dimensões da arca de Noé ou têm medidas proporcionais às dela.
GÊNESIS 7:24 - O dilúvio teve a duração de quarenta ou de cento e cinqüenta dias?
PROBLEMA: Segundo Gênesis 7:24 (e 8:3), as águas do dilúvio permaneceram durante 150 dias. Mas outros versículos nos dizem que foram apenas quarenta dias de dilúvio (Gn 7:4,12,17). Qual é o correto?
SOLUÇÃO: Estes números referem-se a coisas diferentes. Quarenta dias foi o tempo em que "houve copiosa chuva" (7:12), e 150 dias foi o tempo em que as águas do dilúvio "predominaram" (cf. 7:24).
Ao fim dos 150 dias, "as águas iam-se escoando" (8:3). Não foi senão após o quinto mês depois do início da chuva que a arca repousou no monte Ararate (8:4). Então, onze meses depois do início das chuvas, as águas secaram-se (7:11; 8:13). E exatamente um ano e dez dias depois do início do dilúvio, Noé e sua família saíram da arca e pisaram em solo seco (7:11; 8:14).
GÊNESIS 8:1 -Deus esqueceu-se temporariamente de Noé?
PROBLEMA: O fato de o texto dizer que "Lembrou-se Deus de Noé" parece implicar que o Senhor se esqueceu de Noé temporariamente. Contudo, a Bíblia declara que Deus sabe todas as coisas (SI 139:2-4; Jr 17:10; Hb 4:13) e que nunca se esquece de seus santos (Is 49:15). Como então pôde ele temporariamente esquecer-se de Noé?
SOLUÇÃO: Em sua onisciência, Deus sempre esteve consciente de que Noé estava na arca. Entretanto, depois de Noé ter permanecido nela por mais de um ano, como se tivesse sido esquecido, Deus deu um sinal de sua lembrança e fez com que Noé e sua família saíssem da arca. Mas, Deus nunca se esqueceu de Noé, já que o Senhor mesmo foi quem o notificou, no início, para salvar a si e à espécie humana (cf. Gn 6:8-13). Com freqüência, nós mesmos usamos uma expressão semelhante, quando dizemos que nos "lembramos" de alguém no seu dia de aniversário, mesmo que nunca tenhamos nos esquecido da existência de tal pessoa.
GÊNESIS 8:21 - Deus mudou de idéia quanto a nunca mais destruir o
mundo de novo? PROBLEMA: De acordo com este versículo, depois do dilúvio, Deus
prometeu:"... nem tomarei a ferir todo vivente, como fiz". Entretanto, Pedro prediz que haverá um dia em que "os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas" (2 Pe 3:10).
SOLUÇÃO: Depois do dilúvio, Deus somente prometeu nunca mais destruir o mundo da mesma maneira como Ele tinha feito (Gn 9:11), ou seja, com água. O arco-íris é um símbolo perpétuo dessa promessa. A segunda destruição do mundo será com fogo, e não com água. O que vai acontecer é que "os elementos se desfarão abrasados" (2 Pe 3:10). Mesmo assim, naquele dia Deus não vai destruir todos os seres viventes. Os homens serão salvos em seus corpos físicos ressurretos e imperecíveis (1 Co 15:42).
GÊNESIS 8:22 - Já que Deus prometeu sempre haver sementeira e ceifa, então por que houve tempos de fome?
PROBLEMA: Deus prometeu a Noé: "Enquanto durar a terra não deixará de haver sementeira e ceifa". Entretanto, há muitos tempos de fome, inclusive registrados na Bíblia, em que não houve ceifa (cf. Gn 26:1; 41:54).
SOLUÇÃO: O verbo "cessar" (do hebraico shabath) significa chegar a um fim, ser eliminado, acabar com uma coisa completamente. Esta passagem promete apenas que as estações não cessarão, não as colheitas. A referência é ao tempo da semeadura e ao tempo da colheita, não necessariamente a estes eventos. E as estações jamais foram interrompidas; elas têm o seu curso normal, desde que essa promessa foi feita a Noé. Ainda, a promessa de Deus não constitui uma garantia de que não haveria jamais interrupções temporárias. É apenas uma afirmativa de que haveria permanentemente os ciclos das estações do ano, até o final dos tempos.
GÊNESIS 9:3 - Deus ordenou que se comesse carne ou apenas vegetais?
PROBLEMA: Quando Deus criou Adão, o Senhor ordenou-lhe que comesse somente "todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente" (Gn 1:29). A carne, porém, não foi dada por Deus para se comer. Entretanto, quando Noé saiu da arca, Deus lhe disse: "Tudo o que se move, e vive, ser-vos-á para alimento; como vos dei a erva verde, tudo vos dou agora" (Gn 9:3). Isso está em contradição com o mandamento anterior dado por Deus para não se comer carne.
SOLUÇÃO: Este é um bom exemplo da revelação progressiva de Deus, em que mandamentos anteriores são substituído! por posteriores. Em questões que não envolvem alteração em nenhum padrão moral intrínseco (que é baseado na natureza de Deus), o Senhor tem a liberdade de alterar os mandamentos que ele deu às suas criaturas, de forma a servir a seus propósitos gerais, dentro do processo da redenção. Por exemplo, podemos comparar isso com os pais que, numa fase da vida de seus filhos, deixam-nos comer com a mão, para mais tarde ensiná-los a usar uma colher. Posteriormente, ainda, eles instruem seus filhos a não mais usarem uma colher, mas sim um garfo. Não há contradição alguma nesse processo. É simplesmente uma questão de revelação progressiva, adaptada às circunstâncias e visando o objetivo final. É assim que Deus trabalha.
GÊNESIS 10:5 (cf. 20,31) - Por que este versículo dá a entender que a humanidade tinha muitas línguas, já que Gênesis 11:1 diz que havia uma única língua?
PROBLEMA: Os textos de Gênesis 10:5,20,31 parecem indicar que havia muitos dialetos, o que aparentemente está em conflito com Gênesis 11:1, que de forma bem clara diz que "em toda a terra havia apenas uma linguagem e uma só maneira de falar".
SOLUÇÃO: Estes textos referem-se a dois tempos diferentes. Anteriormente, enquanto estavam mantendo suas distinções tribais, os descendentes de Cam, Sem e Jafé, todos eles falavam a mesma língua. Posteriormente, com a torre de Babel (Gn 11), Deus puniu os homens pelo projeto com o qual se rebelavam contra ele, confundindo-lhes a fala. Como resultado, as tribos não mais conseguiam comunicar-se umas com as outras, embora possivelmente às subtribos e aos clãs tenha sido permitido uma linguagem compreensível, para que assim continuassem a se comunicar entre si.
GÊNESIS 11:5 - Como foi que Deus "desceu" do céu, uma vez que ele já estava aqui (como está em toda parte)?
PROBLEMA: Deus é onipresente, isto é, ele está em todo lugar ao mesmo tempo (SI 139:7-10). Gênesis 11:5 declara que Deus "desceu" para ver a cidade que os homens edificavam. Mas se ele já estava aqui, como é que ele "desceu" até aqui?
SOLUÇÃO: Deus "desceu" é uma teofania, que significa uma manifestação especial, e num determinado local, da presença de Deus. Estas teofanias ocorriam freqüentemente no AT. Certa vez, Deus apareceu a Abraão como homem (Gn 18:2). Deus também desceu para falar com Moisés (Êx 3), com Josué (Js 5:13-15) e com Gideão (Jz 6), de maneira semelhante.
JOÃO 1:1 - Jesus é Deus ou apenas um deus?
PROBLEMA: Os cristãos crêem que Jesus é Deus, e com freqüência citam essa passagem para
provar isso. Entretanto, as Testemunhas de Jeová traduzem esse versículo assim: "e o Verbo
(Cristo) era um deus", porque rio grego não há um artigo definido ("o") antes da última palavra.
SOLUÇÃO: No grego, quando o artigo definido é usado, normalmente e3e destaca o indivíduo e,
quando não, a referência é à natureza daquilo que é indicado. Assim, esse versículo poderia ser
traduzido "e o Verbo era da natureza de Deus". A completa deidade de Cristo tem o suporte não
somente no uso dessa mesma construção, em geral, mas também em outras referências a Jesus
como Deus, em João (cf. 8:58; 10:30; 20:28) e no restante do NT (cf. Cl 1:15-16; 2:9; Tt 2:13).
Além disso, alguns textos do NT usam o artigo definido e falam de Cristo como "o Deus".
Portanto, não importa se João empregou ou não o artigo definido - a Bíblia claramente ensina que
Jesus é Deus, não apenas um deus (cf. Hb 1:8).
E que Jesus é Jeová (Yahveh), isso está claro pelo fato de o NT atribuir a Jesus
características que no AT se aplicam somente a Deus (cf. Jô 19:37 e Zc 12:10).
ISAÍAS 14:12 - Quem é Lúcifer neste versículo?
PROBLEMA: Muitos comentaristas consideram esta passagem como uma referência a Satanás,
porque algumas versões (como a Vulgata) traduzem "filho da alva" com o nome "Lúcifer".
Entretanto, segundo Isaías 14:4, toda esta passagem, que vai de 14:4 até 14:27, é um provérbio
contra o rei da Babilônia. Como pode ser então uma referência a Satanás, já que é uma profecia
contra o rei da Babilônia?
SOLUÇÃO: Esta passagem é literalmente uma referência ao rei da Babilônia, mas o seu
significado inclui a derrota final e a queda de Satanás. Muitas são as opiniões quanto à identidade
desse rei da Babilônia. Alguns propõem que seja uma referência a Senaqueribe, um cruel inimigo
do povo de Deus. Outros vêem uma figura poética que personifica o reino da Babilônia como um
todo.
A palavra hebraica que corresponde a "Lúcifer" neste versículo tem o sentido de "brilhante",
como traduz a TLH: "Rei da babilônia, brilhante estrela da manhã", Porque o rei da Babilônia
desejou elevar-se como se fosse Deus, sua queda seria como se fosse do céu.
Os paralelos entre esta passagem e outras do NT, tais como Lucas 10:18 e Apocalipse 20:2
indicam que ela pode ter uma aplicação mais ampla. A profecia foi dada àqueles que viviam nos
dias de Isaías, e seu significado foi imediato para eles. Deus estava prometendo-lhes que seu
inimigo, o rei da Babilônia e o próprio império que lhes era maléfico, seria por fim derrubado.
Contudo, podemos tomar esta profecia como sendo uma descrição da derrota final do príncipe do
mal que governa neste mundo, a quem por fim Deus destruirá (Ap 20:10).
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